Sabbat – Jai Club, São Paulo/SP (27/10/2024)
Produção: MAD Produtora
Texto e fotos por Matheus “Mu” Silva
Após longos 11 anos e em sua segunda passagem pelo Brasil, os maníacos japoneses do Sabbat finalmente retornaram ao nosso país para uma apresentação única em São Paulo, realizada no último domingo (27). A banda veio promover seu mais recente lançamento, Sabbaticult (2024). O evento, organizado pela MAD Produtora, também incluiu quatro novas bandas da cena extrema, todas relativamente recentes, mas que demonstraram a força e determinação das bandas emergentes dos últimos anos. A iniciativa da produtora em abrir esse espaço foi um acerto, incentivando o cenário do metal a crescer sem depender apenas dos grandes nomes do gênero.
O Japão possui uma cena bastante diversificada, desde nomes mais conhecidos do Heavy Metal, como Loudness, Anthem e Metalucifer, até as camadas mais obscuras do black metal, como Abigail, Sigh, Sex Messiah, Sacrifice e o próprio Sabbat, uma das bandas mais renomadas do gênero mundialmente. Formada em 1984 e celebrando 40 anos de carreira, a banda explora em seu som o Black Metal da primeira onda, altamente influenciado por Venom e Bathory, ou seja, com elementos de Heavy, Black e Thrash Metal, além de letras sombrias e um som cru, característico das bandas da época. A formação atual inclui Gezol, vocalista e baixista, e único membro original, junto de Zorugelion, baterista desde 1990. Entre seus lançamentos mais influentes, estão Envenom (1991), Evoke (1992), The Dwelling (1996) e Satanasword (2000). Com uma discografia extensa, mesmo tendo “apenas” 10 álbuns de estúdio, Sabbat conta com mais de 200 lançamentos, incluindo splits, discos ao vivo, EPs e singles.
A casa abriu às 17h, com o primeiro show começando às 17h30, da banda Matador, de Curitiba/PR. Formada em 2020, a banda trouxe seu Black/Thrash Metal para o evento, divulgando seu único lançamento recente, o EP Full Moon Tales. O som da banda é altamente influenciado por Desaster, evidenciado em músicas como “Ophidian Cult”, “Satanic Tyrant” e “Funeral Desecrator”. Embora o público estivesse entrando devagar, a banda mostrou seu potencial, apesar de alguns deslizes em partes do show, especialmente no cover de “Necropolis”, do Desaster. A apresentação foi bem recebida, e a banda merece atenção pelo ótimo trabalho em seu EP de estreia.

Às 18h30, foi a vez de CaosCultoMorte, de São Paulo/SP. Praticando um estilo próximo ao War Black Metal, com influências de Archgoat, Blasphemy e Sarcófago, o trio apresentou faixas da demo de 2019 e do EP Guerra Paleolítica (2020). Ao vivo, o som da banda soou ainda mais potente. Executaram músicas como “Eutanásia”, “Ravensbrück”, “Contemplação da Eterna Putrefação” e “Impiedosa Obliteração Humana”. Sem interação com o público, a banda usou bem seus 35 minutos de set, ganhando o apoio do público, que já preenchia mais a casa.

Blasphemaniac, de Atibaia/SP, subiu ao palco às 19h30. Divulgando seu álbum Bestial Occult Ceremony (2021), além de outros lançamentos como splits (inclusive com o próprio Sabbat), a banda ofereceu um Black/Thrash inspirado em Nifelheim e Aura Noir, com vocais reminiscentes de Vulcano. O público demonstrou conhecer várias músicas, como “Bestial Occult Ceremony”, “The God’s Mother Rape” e “Postmortem Alcoholic Desecration”. Foi uma das apresentações mais enérgicas da noite, com muita interação e entusiasmo do público.

A última banda nacional a se apresentar foi Iron Bastard, às 20h30. Formada em 2013, a banda de Itu/SP trouxe seu Black/Speed Metal, com um set baseado no álbum de estreia, Commanders in Hell (2019). Com todos os membros usando pseudônimos, a banda executou músicas como “Commanders in Hell”, “Bastardos Irmãos do Aço” e “Fuckin Whore”. Com 35 minutos de set, enfrentaram alguns problemas técnicos iniciais, mas encerraram a participação das bandas nacionais mostrando o potencial do metal brasileiro.

Finalmente, às 21h30, começou a apresentação do Sabbat. A banda abriu com “Envenom Into The Witch’s Hole” e seguiu com clássicos como “Satan Bless You” e “Evil Nations”. Gezol adaptou o estilo vocal, tornando-o mais próximo do Heavy Metal, o que agradou ao público. A qualidade do som estava ótima, um ponto positivo para a produção.
Seguindo com “Black Metal Scythe” e “Desecration”, do último disco Sabbaticult (2024), o show prosseguiu com a energia crescente do público, que entoava cada refrão. As faixas “Grindinghoul” e “Satanic Witches Fire” mantiveram o ritmo intenso, com o público participando ativamente. A apresentação finalizou em grande estilo com os clássicos “Darkness And Evil” e “Black Fire”, proporcionando uma noite memorável.
A noite mostrou o carinho do público brasileiro pelo Sabbat, cuja influência foi perceptível em todas as bandas que abriram o evento. As bandas de abertura entregaram ótimos shows, repletos de paixão e devoção ao metal, tornando o sábado especial para os fãs do gênero.




