Shaytan – “Occult Aeon” (2024)

SHAYTAN
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Shaytan – “Occult Aeon” (2024)

Independente
#BlackMetal

Para fãs de: Marduk (antigo), Dark Funeral, Tsjuder

Texto por Matheus “Mu” Silva

Nota: 9,0

Sete anos após o lançamento de seu primeiro EP, Ancient Shadows (2017), a banda Shaytan, de Mogi das Cruzes/SP, finalmente lançou seu primeiro full-length, Occult Aeon, em maio de 2024. Lançado de forma independente, o disco em formato físico ainda conta com dois bônus: um cover da clássica “The Thrice is Greatest to Ninnigal”, do lendário Absu, além do próprio EP Ancient Shadows na íntegra — o que torna o material um compilado essencial para compreender toda a obra da banda até o momento.

Formada em 2015, a Shaytan pratica um Black Metal carregado de influências europeias noventistas — ou seja, um som ríspido, cheio de pegada e brutal. Atualmente formada por Dan Blasphemoon (voz), AlanN (guitarra), Lord Caelius (baixo) e G. Tulius Bone (bateria), a banda já havia chamado atenção com seu EP de estreia, por fugir do que muitas bandas do estilo costumam fazer ao optar por uma sonoridade mais lo-fi e “true”. Muito pelo contrário: além de contar com uma gravação clara e distinta, sua música carrega a maldade característica da escola sueca dos anos 90, com riffs pesados, bateria alternando entre momentos de bate-estaca e explosões brutais, e vocais cavernosos — sem cair no estridente comum ao gênero. Tudo isso contribui positivamente para a musicalidade da banda.

“Night of Sacrifice” abre o disco trazendo todos esses elementos, soando quase como um Black/Thrash com uma veia Old School pulsante durante toda a execução. Já de cara, é um dos grandes destaques do álbum. “I Am the Hellfire” segue com uma pegada mais cadenciada, vocais dobrados e carregados de ódio, agregando ainda mais brutalidade à música. Um trecho mais soturno no meio prepara o terreno para um final devastador — mais um grande momento do disco.

“Naturom Demonto” reforça a influência noventista que permeia o som da banda, sendo uma das faixas mais completas do álbum. Destaque para o trabalho do baterista G. Tulius Bone, com marcações variadas, além de um solo de guitarra cortante.

“The Possession” e “Vengeance Honor Blood” mantêm a pegada característica do álbum, sendo esta última um verdadeiro atropelo sonoro — perfeita para bater cabeça, impiedosa do início ao fim. “All the Hope Is Gone” traz um momento mais soturno e melancólico, com andamento lento, peso e agonia em doses certeiras, fazendo jus ao título — como se toda esperança tivesse realmente desaparecido.

Mysterium Baphometis Revelatum é pesada e densa, mas serve como preparação para a faixa final, “Abyssal Voices” — a mais extrema do disco, com brutalidade crua e incessante. Mais um ótimo destaque do álbum, embora talvez funcionasse melhor se posicionada no meio do tracklist, trocando lugar com alguma faixa mais lenta. Ainda assim, isso não compromete sua qualidade, marcada por um senso de urgência destruidor.

Tudo o que foi apresentado em seu primeiro EP, a Shaytan elevou de patamar em seu debut. Mesmo com 10 anos de estrada, o que a banda apresentou até aqui é digno de atenção. Em um estilo que vem se saturando, é sempre bom ver bandas que respeitam suas raízes e as incorporam ao próprio som, sem se apegar a clichês ou fórmulas, entregando algo fiel ao estilo e à própria identidade. E isso é algo enraizado na proposta da Shaytan.

Occult Aeon certamente é um dos grandes discos de 2024 e consolida o trabalho bem-feito que a banda vem executando.

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