Suicide Silence – “Suicide Silence” (2017)
Nuclear Blast
Nota: 9,0
O saudoso e genial Umberto Eco já dizia que as mídias sociais deram o direito à fala a legiões de imbecis”!
Pode parecer rude da parte do semiólogo e romancista italiano, mas quando pensamos que existem fãs que se acham no direito de usar as redes sociais como forma de mobilizar a criação de uma petição que impeça um artista/banda de lançar seu próximo álbum, simplesmente por ele não ter gostado da única faixa que ouviu, concluo que Eco até pegou leve!
Exatamente isso! Após o lançamento do single “Doris”, faixa que abre este quinto trabalho do Suicide Silence, alguns fãs manifestaram seu desagrado nas redes sociais, e outros mais inflamados chegaram a sugerir esta absurda petição!
De fato, assim como todo o álbum, “Doris” é energética, mas foge do Deathcore usual da banda por vias bem ousadas, mesclando angustia e brutalidade numa oscilação assimétrica de andamentos.
Mas se está pesado e energético, então qual o problema?
Além de alguns daqueles fãs terem reclamado que existem vocais limpos demais, a alta intensidade instrumental tem os dois pés atolados no barro do Metal Alternativo, ou Nu Metal, como preferir.
Nunca foi segredo que a gama de influências da banda é vasta, mas, desta vez, deixaram aflorar nomes como Slipknot, Deftones, Korn, Meshuggah, e Faith No More em maior escala, construindo um violento e diferenciado conjunto de faixas, que certamente incomodou os fãs daquela veia mais “purista” do Deathcore que a banda praticava nos álbuns anteriores.
O que não é um problema, principalmente quando entregam faixas como “Doris”, “Silence” (outro single que gerou polêmica), “Dying In A Red Room”, “Don’t Be Careful You Might Hurt Yourself” e “Run” (que tem até certo tempero grunge).
Todavia, aos meus ouvidos, eles levaram estas influências alternativas a uma exploração mais progressiva, beirando o Jazz Metal em passagens pontuais, principalmente nos solos de guitarra que brotam do caos sonoro.
Em nenhum momento perderam sua identidade, simplesmente inseriram o Nu Metal na sua proposta, com muita personalidade, investigando, experimentando, e extrapolando suas fronteiras musicais.
Temos que começar a valorizar bandas com nome na cena e que ousam sair de sua zona de conforto, assumindo seus riscos, e enfrentando a “turba de puristas”.
Em resumo, o Suicide Silence lançou um belíssimo álbum de Heavy Metal, fora do lugar comum, e se isso não bastasse, uma banda que compõe uma faixa como “Conformity” tem que ser aplaudida de pé!
Marcelo Lopes Vieira