Trovão – “Diamante” (2025)
Classic Metal Records
#HeavyMetal #HardRock #AOR
Para fãs de: Judas Priest, Dokken, FM, Icon, Saxon, Running Wild, Accept
Texto por Matheus “Mu” Silva
Nota: 10
Três anos após o incrível Prisioneiro do Rock n’ Roll (2022), o Trovão finalmente deu à luz seu segundo disco de estúdio, Diamante (2025), lançado pela Classic Metal Records.
Formado em 2018 em São Paulo/SP, o Trovão, desde o seu álbum de estreia Prisioneiro do Rock N’ Roll (2022), buscou resgatar a sonoridade analógica e característica do Hard Rock/Heavy Metal oitentista, mas com todo um cuidado para que o resultado fosse uma perfeita representação do que havia naquele período. E assim o fizeram, com muito sucesso, pois seu primeiro álbum tomou a comunidade headbanger de assalto, chamando a atenção pela estética visual e sonora envolvida.
Com um verdadeiro timaço do Heavy Metal tradicional contemporâneo paulistano — Gustavo (vocal), Alexandre Gatti e Igor Senna (guitarras), Lucas Chuluc (baixo), Luke Couto (teclados) e Alan Caçador (bateria) —, todos eles têm ou tiveram bandas que dialogavam com o estilo do Trovão, mas que aqui encontraram o ápice musical do que desenvolveram em projetos anteriores, culminando em uma banda realmente única no estilo em nosso país. O fato de a banda praticamente não se apresentar ao vivo gerou ainda mais expectativa sobre seus futuros trabalhos, expectativa esta que aumentou com o lançamento do 7″EP Seres da Noite (2024), um gostinho do que estava por vir.
“Preso ao Passado” mergulha o ouvinte naquela cena Hard n’ Heavy americana/inglesa dos anos 80, fazendo jus ao seu título ao resgatar toda a magia do estilo que só aquele período realmente proporcionou — o que, por si só, já é um feito notável. Mas não é só isso: a faixa entrega todos os sinais de que o disco seria uma verdadeira viagem no tempo. Refrões e letras em português, marcantes e grudentos, teclados e sintetizadores adicionando o charme da época — e que só faziam sentido naquele contexto —, solos e riffs cortantes e precisos, bateria e baixo pulsantes… Tudo muito bem gravado e polido, feito para transmitir a energia que marcou época. Só a faixa de abertura já é um deleite para os ouvidos.
“Seres da Noite” traz uma veia mais AOR para o som, com os sintetizadores sobressaindo durante a execução, dando à música um ar ainda mais pegajoso e viciante. A faixa seguinte, que leva o nome da banda, “Trovão”, bebe diretamente da fonte de Judas Priest e Saxon em suas fases oitentistas, entregando um dos momentos mais fortes do disco, em homenagem ao mais puro Heavy Metal.
“Até o Fim” é o tipo de música que literalmente transporta o ouvinte para uma situação: você se imagina em um carro pegando estrada, ou até mesmo em um videoclipe da época. A sensação que essa música transmite é a mesma que se poderia ver em um filme como The Wraith – A Aparição (1986); aliás, me peguei pensando justamente nesse filme durante a audição do disco. Caso o leitor não conheça, recomendo demais assistir ao filme e depois voltar ao álbum — fará total sentido, acredite.
“Olhos da Cidade” é uma power ballad maravilhosa, sendo mais um dos pontos altos do disco. “Diamante”, faixa-título, faz jus ao nome: uma verdadeira joia, imersa em um Heavy Metal muito bem elaborado e cheio de energia, mantendo toda a essência da proposta da banda. Foi uma escolha certeira para nomear o álbum.
A música seguinte é um cover desenterrado dos primórdios do Hard Rock carioca: “Não Lembre Mais de Mim”, da banda Vapor — difícil até de encontrar informações sobre eles. Há uma demo no YouTube, gravada em 1984, que não só é muito boa, como também mostra que o som da banda tem boa influência sobre o Trovão, fazendo total sentido a escolha dessa versão matadora como resgate de um pedaço obscuro da história do rock nacional.
“Sociedade Corrompida” e a derradeira “Insanidade” finalizam a obra em dois momentos igualmente cativantes, concluindo essa jornada de pouco mais de 35 minutos — mas que já merece ser repetida desde o início para manter a vibe proporcionada por toda a audição.
Se tivesse sido lançado em 1985, Diamante talvez fosse “só” mais um ótimo disco da época — desconsiderando, claro, as limitações tecnológicas nacionais do período. Mas, 40 anos depois, e após tantas reformulações que o Metal sofreu, é de encher os olhos ver um disco como esse, que evidencia toda a paixão e devoção dos músicos do Trovão. O fator nostalgia pulsa durante a audição, mas de forma extremamente positiva: sua musicalidade “presa ao passado” carrega toda a glória daquele tempo, justificando plenamente toda a expectativa criada desde o lançamento do trabalho de estreia.
Diamante é fortíssimo candidato a disco do ano.