U.D.O. – “Steelfactory” (2018)

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U.D.O.
 – “Steelfactory” (2018)

AFM Records

#HeavyMetal

Para fãs de: Accept, Running Wild, Judas Priest

Nota: 9,5

Passar os últimos dois anos vivendo de passado — AKA excursionando sob a alcunha Dirkschneider tocando clássicos do Accept pelo que jurou de pés juntos ser a derradeira vez — fez Udo se lembrar o quanto é bom, além de proporcionar torcicolos e hematomas provenientes de rodas de pogo, ouvir seu público entoar, como num culto pentecostal às avessas, refrães marcantes a ponto de o passar dos anos ter-lhes conferido uma aura quase sacra.

Não que o baixinho com voz de Pato Donald tenha em algum momento perdido a manha, mas reconheçamos que a linearidade pode, sim, ser perigosa. Passadas quase quatro décadas desde sua estreia em disco, Udo não precisa provar mais nada para ninguém, mas acaba o fazendo em “Steelfactory”. Com o toque de Midas do dinamarquês Jacob Hansen (Volbeat) e ladeado por Andrey Smirnov (guitarra), Fitty Wienhold (baixo) e seu filho Sven Dirkschneider (bateria), ele não apenas oferece um dos melhores discos de metal de 2018 como também um dos mais legais de sua longeva e consistente carreira pós-Accept.

Todos os ingredientes estão lá: guitarras em combustão, com riffs acelerados como se quisessem beijar um trem-bala e solos que não se fazem de rogados ao empregar técnicas avançadíssimas de punheta guitarrística; baixo equivalente ao pulso de um gigante hipertenso e bateria tão milimetricamente precisa que não tem como não desconfiarmos se Sven é meio homem meio máquina. Os múltiplos registros vocais também marcam presença: desde a voz cavernosa com a irritação de um bêbado acordado aos tapas pelo dono da bar na manhã seguinte até aquela que nos permite a comparação com o personagem mais mal humorado do universo Walt Disney.

Em termos de espetáculo, “Steelfactory” pode ser comparado favoravelmente com qualquer trabalho do Accept com Mark Tornillo no vocal: álbuns capazes de fazer os mais enferrujados de nós voltarmos alegremente à adolescência; sem destaques individuais, ou seja, é apertar o play e se deixar levar. Trata-se de um feito incrível que tem tudo para render um show tão imperdível quanto — e que vai ser a maior sacanagem se não vier para o Brasil.

Marcelo Vieira

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