Headliner: UDO
Bandas de abertura: Skalyface e Trendkill Ghosts
Local: Carioca Club, São Paulo/SP
Data: 12/10/2022
Produtora: Dark Dimensions
Assessoria: JZ Press
Texto por Tiago Monjardin
Fotos por Leandro Almeida (@leandroalmeidashow)
Depois de muita incerteza e adiamentos por conta da pandemia, finalmente a turnê do baixinho mais gigante que qualquer grandalhão, o alemão Udo Dirkschneider, ex-Accept, deu o ar da graça em muitos shows pelo nosso país na sua turnê batizada “Game Over Tour”. Na última quarta-feira, feriado nacional, foi a vez do público paulistanos poder presenciar mais um mestrado de Heavy Metal clássico de gente grande.
Abrindo a noite tivemos as bandas Skalyface, de Heavy/Power Metal e Trendkill Ghosts (Power/Heavy Metal), nessa ordem. Trazendo a obrigatória influência de Iron Maiden, Judas Priest, Saxon e, logicamente, o Accept, fez um set coeso e honesto para uma plateia até que razoável de presentes, um pouco frios, mas respeitosos. Logo na sequência, sem muita demora, subiu no palco o Trendkill Ghosts, que com um público em maior número – e mais receptivo – também mostrou um excelente trabalho, com destaque para os vocais precisos de Diogo Nunes que alcance notas altíssimas com muita facilidade e o potente baixo do canhoto Fábio Carito que tem uma pegada monstruosa. Excelente banda, com um time competentíssimo e que teve ainda como participação especial a exímia cantora Karina Menasce (Allen Key, Mercy Shot) na faixa “Poisoned Soul”.
Os fãs brasileiros tem que entender de uma vez por todas que não existem somente Angra, Sepultura e Ratos de Porão em nosso país, pelo contrário, temos milhares de outras bandas de qualidade e as duas aqui abrindo o evento são provas cabais disso! Basta querer sair da bolha!
Enfim, pontualmente as 21h, Mr. Udo Dirkschneider e sua banda entraram no palco do Carioca Club muito ovacionado pelo público que já lotava a casa. Falar da importância e da carreira de UDO é desnecessário, pois quem realmente curte Heavy Metal tem por obrigação conhecer tudo de trás para frente, tanto na sua passagem pelo Accept como também de sua banda U.D.O. São mais de 40 anos de serviços prestados ao Heavy Metal, uma porrada de álbuns lançados e, logicamente, uma infinidade de clássicos que atemporais do estilo eternizados em sua voz.
Por conta de um problema de saúde, o baixista da banda Tilen Hudrap teve que ser substituído às pressas após um colapso no palco em um dos shows na Alemanha, antes de vir para cá, e para seu lugar foi chamado “apenas” Peter Baltes, o baixista original do Accept! Desejamos o melhor a Tilen, e sem ser desrespeitoso, que bela substituição não é mesmo? Claramente uma jogada de gênio do septuagenário Udo e seus empresários.
Divulgando seu mais recente álbum de estúdio, o excelente “Game Over” (2021), tivemos quase duas horas de uma verdadeira aula de simplicidade, energia e atitude certeiras de como se fazer Heavy Metal, daqueles sem devaneios, frescuras ou invencionismos. Aqui a parada é ‘roots’ mesmo!
Sim, caro leitor, tivemos alguns clássicos do Accept no repertório, daqueles de fazer chorar até aquele tiozão cinquentão marrento (e tinham muitos pela pista), mas claramente mais da metade do setlist era composto de faixas de sua banda pós-Accept, principalmente material mais atual, e que não perde em nada em termos de qualidade, deixando bem claro!
Banda afiadíssima – com destaque para os excelentes guitarristas Andrey Smirnov e Dee Dammers -, som, iluminação, vibe, clima, tudo deu muito certa nesta noite e todos que estavam presentes saíram de lá com a alma lavada! Já o baterista Sven Dirkschneider, de apenas 28 anos e filho do “omi”, achei um pouco retraído e com o freio de mão puxado, sem muita precisão, mas não comprometeu. Agora, ver Peter Baltes e Udo juntos novamente é uma nostalgia de níveis elevadíssimos! Peter tem uma presença e coesão únicas e Udo, com seus 70 anos de idade, mesmo que sempre meio paradão no palco, tem aquela feição sisuda e amedrontadora, mas sua voz rasgada e inconfundível é como um “colírio dilacerante de ouvidos” (risos). Dois gigantes que temos que, por conta das idades avançadas, sabemos que em breve não teremos mais a chance de vê-los ao vivo nos palcos, mas devemos sempre agradecer pela oportunidade de vê-los em ação tantas vezes em nossas terras.
Ambos estão super bem e aparentemente com uma saúde de ferro, e creio que ainda terem0s mais alguns anos de muito metal pela frente, mas gente, no caso do UDO, são 70 anos de idade!!! Mais de 50 antando, excursionando, gravando, deve ser cansativo pra cacete!
Destaques do show ficaram por conta de faixas como “Animal House”, “Go Back To Hell”, “Man And Machine”, “Independence Day”, mas “Breaker”, “Princess of The Dawn”, “Metal Heart”, “Fast as a Shark” e “Balls To The Wall” simplesmente colocaram o Carioca Club no chão!!! Mal dava para se ouvi a voz de Udo nessa última, foi sensacional! Senti falta de “They Want War”, “No Limits” e a cacetada “The Wrong Side Of Midnight”, mas aí já seria demais (risos).
A aula foi dada – mais uma vez – agora cabe a você coloca-la em prática e passa-la adiante!
Obrigado UDO, Dark Dimensions, JZ Press e Johnny Z. pela oportunidade em poder fazer a cobertura desse grande evento e pela belíssima noite regada a muito Heavy Metal!
Setlist:
Intro
Prophecy
Holy Invaders
Go Back to Hell
Never Cross My Way
24/7
Independence Day
Breaker (Accept cover)
Rose in the Desert
Kids and Guns
Princess of the Dawn (Accept cover)
I Give as Good as I Get
Like a Beast
Metal Never Dies
Metal Heart (Accept cover)
Man and Machine
Animal House
Fast as a Shark (Accept cover)
Balls to the Wall (Accept cover)