Venom – “At War With Satan” (1984) (Relançamento 2024)

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Venom – “At War With Satan” (1984) (Relançamento 2024)

NEAT | Dynamo Records
#HeavyMetal #BlackMetal #SpeedMetal #Rock

Para fãs de: Todo tipo de metal pesado e extremo

Texto por Matheus “Mu” Silva

Nota: 10

A Dynamo Records está relançando praticamente toda a discografia do lendário Venom. Além de trazer quase tudo o que a banda já lançou, incluindo materiais que nunca chegaram ao Brasil ou que têm versões em CD extremamente raras, muitos desses lançamentos vêm recheados de bônus ainda mais raros. Isso é um grande atrativo para colecionadores, que frequentemente enfrentam preços exorbitantes por esses materiais. Agora, com esses relançamentos, os preços são acessíveis, os álbuns estão completos, e isso ajuda o verdadeiro fã a completar sua coleção.

Em 1984, o Venom estava no auge. A banda já havia conquistado fãs em todo o mundo, graças ao seu metal pesado e transgressor para os padrões da época, com letras recheadas de temas infernais. Quando lançaram seu terceiro disco, “At War With Satan”, o Venom já estava consolidado, com a cena do metal extremo em plena ebulição. A versão original em vinil do álbum vinha em uma capa gatefold, com a parte frontal em relevo, parecendo uma Bíblia (eu tive essa edição anos atrás). Musicalmente, o Venom apresentou uma sonoridade um pouco mais refinada.

O lado A do disco (antigo vinil), ou no CD a primeira parte, é dominado pela faixa-título, algo similar ao que o Pink Floyd fez com “Echoes”, do álbum “Meddle” (1971). No entanto, enquanto o Pink Floyd investiu em ambiências e sons, o Venom entrega seu som característico: metal destilado, repleto de blasfêmias, velocidade e fúria. A produção deste álbum é consideravelmente melhor que a de “Black Metal” (1982), mais limpa, permitindo que os detalhes das músicas se sobressaiam, sem abrir mão da sujeira que é uma das marcas registradas da banda. Apesar da duração longa, os interlúdios e algumas chamadas no chimbal de Abaddon evitam que a faixa seja percebida como uma única e contínua música, quebrando a sensação de monotonia. É uma peça arriscada para a época, considerando que o Venom era conhecido por faixas curtas e diretas. No entanto, a faixa é tão bem construída que poderia ser lançada como um EP.

O lado B traz o Venom no formato mais convencional, com as músicas devidamente separadas. As letras são mais diversificadas do que o que a banda vinha fazendo, embora ainda mantenham temas infernais em grande parte. O lado B abre com a clássica “Rip Ride”, presença constante nos shows, seguida pela veloz “Genocide”, com um solo feroz de Mantas, que estava em sua melhor forma nesse álbum. Seu trabalho de guitarra é primoroso, com riffs destruidores e solos agressivos, enquanto Cronos entrega vocais repletos de raiva. “Cry Wolf” é heavy metal puro, e minha favorita do disco. “Stand Up (and be Counted)” mantém a cadência perfeita para um bom headbanging. A brutal “Women, Leather and Hell” é outra favorita dos fãs, com três minutos de riffs rápidos e cortantes. O disco termina com “Aaaaaaarrghh”, uma doideira de estúdio, com Cronos gritando por dois minutos enquanto a banda espanca seus instrumentos. Um final cômico para um álbum tão cheio de momentos intensos.

Assim como o álbum anterior, a turnê de “At War With Satan” foi registrada em home video na lendária “Combat Tour” de 1985, que também contou com apresentações do Slayer e do Exodus em seus primórdios. Esse VHS é considerado uma bíblia para os fãs mais antigos, amplamente divulgado nas lojas de metal da época aqui no Brasil.

O relançamento em CD ainda traz alguns bônus interessantes, como o áudio da propaganda de divulgação do disco e diversos singles, como “Warhead” (essa música é simplesmente infernal), “Lady Lust”, “The Seven Gates of Hell”, e “Manitou” em duas versões, além de “Woman” e “Dead of the Night”, novamente, preciosidades!

“At War With Satan” elevou a música do Venom a outro nível, sem abrir mão dos elementos que os consolidaram nos álbuns anteriores. Fechando a trilogia clássica da banda, esse álbum é um claro reflexo de como o Venom estava em plena ascensão no cenário do metal. Cronos, Mantas e Abaddon eternizaram sua obra com esses três álbuns. É uma pena que, depois disso, pouca coisa tenha mantido o mesmo nível, mas o que foi feito permanece imutável.

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