Anthrax – “XL” (2022)

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Anthrax“XL” (2022)
Nuclear Blast | Shinigami Records
#ThrashMetal

Para fãs de: Death Angel, Metallica, Megadeth, Forbidden, Heathen

Nota: 8,5

Infelizmente, essa pandemia não só devastou o mundo e a vida na Terra, como também acabou com sonhos, projetos e confraternizações importantes inclusive dentro do entretenimento.

O Anthrax não passou incólume disso em sua comemoração de 40 anos de carreira. Tudo poderia ser muito melhor, cheio de gente curtindo junto etc, mas não ficou um negócio meio que capenga. Não em termos musicais ou de qualidade, longe disso, pois tudo em “XL” é simplesmente maravilhoso: banda tinindo, qualidade impecável (áudio e vídeo), execução e setlist (esquecer a era John Bush foi uma belíssima DESRESPEITO) etc. E pior, colocar na capa imagens dos discos lançados pelo próprio parece que piorou a coisa toda nesse sentido.

Se não tivéssemos esse maldito vírus matando milhões de pessoas pelo mundo, poderíamos ter uma turnê de aniversário a altura da importância da banda para o Metal mundial, mas isso realmente a banda não teve culpa, foi uma fatalidade. Mas, não ter faixas dos excelentes álbuns que John Bush esteve a frente da banda foi não só um desrespeito a própria carreira, como também uma afronta aos fãs. Veja, John Bush entrou na banda em 1993 e ficou lá até 2005, ou seja, foram 12 anos desses 40 da carreira! Muito tempo para ser jogado as traças, certo? Não sabemos ao certo o motivo, e realmente acho melhor nem sabermos para não pegarmos ranços desnecessários, vide Ian Gillan não querer cantar nada que não tenha gravado no Deep Purple, Ozzy com o Black Sabbath etc etc etc. Se é por conta de ego não tem nem o que se falar, apenas lamentar tal atitude. Agora, se é por incapacidade – que não é o caso de Joey e do Anthrax – mesmo assim o respeito nunca deveria ter sido tirado da pauta.

Deixo aqui claro que por esses motivos acima citados que a nota dada não foi um sonoro 10.

Afora isso, meu pai do céu: QUE BANDA, QUE SOM, QUE QUALIDADE, QUE LANÇAMENTO! Até mesmo o insosso Jon Donnais (guitarra) fez bonito. Ele não é um guitarrista ruim, muito pelo contrário, toca muito, mas ele me passava uma imagem estática, sem emoção nenhuma no palco parecendo um guitarristinha contratado doido para pagar os boletos no final do mês. Aqui não, ele está bem mais solto e se adequou muito bem as quatro lendas doidas varridas do Anthrax! A voz de Joey parece que não envelhece, então problemas ele não teria em cantar pelo menos “Only”, clássico que marcou a fase Bush, por exemplo, já que cantou várias vezes desde seu retorno a banda.

“XL”, 40 em algarismo romano, é um álbum gravado “ao vivo”, contendo em dois CDs o áudio completo e um DVD com a apresentação em vídeo e extras, ambos sem plateia por conta da pandemia, mas trazem toda a energia que a banda sempre emanou no palco durante quatro décadas. E temos que dar o braço a torcer: os caras entregam MUITA energia, tendo ou não tendo público me provaram que são verdadeiros artistas! Scott Ian (guitarra) e Frank Bello (baixo) deveriam ser estudados. Scott ainda mais, pois aquela mão direita e as palhetadas dele NÃO EXISTEM IGUAIS. Charlie Benante é uma máquina de destruição, uma verdadeira instituição da bateria dentro do Metal, e somente a NASA poderia estuda-lo! O cara é de uma precisão e de uma pegada que você fica bobo!

O que falar de um álbum na qualidade de hoje trazendo execuções poderosíssimas e pesadíssimas de clássicos como “Madhouse”, “Caught In A Mosh”, “Metal Thrashing Mad”, “Got The Time”, “I Am The Lay”, “Keep It In The Family” (para mim a melhor música que o Anthrax já fez e aqui está maravilhosamente perfeita), “Indians”, “Bring The Noise” (com a presença de Chuck D.  do Public Enemy – vai aqui um fato chato que perdeu um pouco o charme: não termos Flavor Flav devido a disputas judiciais entre os dois que penduram há anos) e “Among The Living”?

Quer mais? Ok, toma ‘um tiquinho’ de outros clássicos mais obscuros, como “Lone Justice”, “Be All, End All”, “Now It’s Dark”, “Antisocial” (o cover do Trust que deveria ser do Anthrax), “Medusa” (a segunda melhor música da banda para mim), “A Skeleton In The Closet”, “Aftershock”, “A.I.R”, “Protest And Survive” (cover do Discharge bem porrada que a banda gravou na época do “Persistence Of Time”, com Scott detonando também nos vocais como grande surpresa!), “Efilnikufesin (N.F.L)”. Obviamente, faixas mais recentes fazem parte do pacote e não deixam nada a desejar, pelo contrário, se encaixaram perfeitamente, como por exemplo “Fight ‘Till You Can’t” (essa é pedrada demais!) abrindo toda a parada já no pau!

Na parte visual, temos também no DVD filmagens de ensaios e um Scott Ian passeando pela cidade de Nova York mostrando lugares que marcaram a história do Anthrax, e também, as suas. São mais de duas horas de muita porradaria dessa que é uma das maiores lendas do Thrash Metal mundial junto ao Metallica, Slayer, Megadeth, Testament e Exodus.

Palmas para a Shinigami Records por dar lançar aqui no formato 2CDs+DVD digipack essa oportunidade de termos o material completo e não mutilado sem DVD para os fãs brasileiros! E também, claro, não termos que vender um rim para adquirir o material importado (risos).

Quer fazer uma viagem no tempo em que o boné, jaqueta jeans cheia de patches e o Le Chevall rasgado e surrado fazia parte do seu cotidiano adolescente e inconsequente? Coloque já “XL” para tocar até o fim e programa o repeat por umas 5x. Certeza que vai sair dessa experiência revigorado!

Estou fazendo isso, DE NOVO!

Johnny Z.

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