Soulfly – “Totem” (2022)
Nuclear Blast | Shinigami Records
#GrooveMetal, #ThrashMetal
Para fãs de: Machine Head, Prong, Pantera, Lamb Of God, Sepultura
Nota: 8,5
Sr. Max Cavalera precisa de mais elogios? Não, então qualquer coisa que tenha o nome dele é satisfação garantida, pois onde o cara coloca seus riffs é sinônimo de coisa – no mínimo – excelente. Seja quando estava no Sepultura, na sua banda Soulfly ou nos inúmeros projetos paralelos que participa ou já participou, têm Max Cavalera você vai – em questão de segundos – sacar que tem a mão ou a voz dele.
Mesmo que no início da carreira do Soulfly, em que o New Metal apareceu em sua sonoridade em altas doses, se você tiver o mínimo de salubridade não vai falar jamais que é ruim. Mas, ainda bem, esses tempos passaram e desde o álbum “Dark Ages”, de 2005, a banda – ou melhor Max +3, vêm descendo o sarrafo nos ouvintes sem dó com traulitadas matadoras, só que em “Enslaved”, álbum de 2012, que a coisa ficou deveras séria e só tivemos cacetadas parar batermos até na mãe. Incrível como Max achou novamente o nicho que lhe pertence e nunca deveria ter saído.
E em “Totem”, décimo segundo álbum do Soulfly, essa premissa continua valiosíssima, pois a agressividade, a pancadaria e principalmente os riffs aqui encontrados são pura genialidade. Fico me perguntando sempre: “Depois de tantas décadas, como o cara consegue criar riffs sempre diferentes e ao mesmo tempo com uma criatividade assustadora?” Sério, não acho a resposta sem ser o que citei anteriormente: genialidade!
Sim, o Soulfly ficou mais extremo, mas brutal e mais “trevoso”, e isso é bom demais!
Confesso que, ao ouvir “Totem” me veio na mente fases de “Chaos AD”, “Arise” e até “Beneath The Remains”, clássicos do Sepultura, mas ao mesmo tempo diferente e com a identidade atual do Soulfly. Lembre-se da genialidade que falei…
Acompanhado pelo filho Zyon Cavalera (bateria), Mike Leon (baixo) e o guitarrista – e também produtor do álbum – convidado Arthur Rizk nos solos, já que Mark Rizzo pedir arrego, debandou, saiu ou fui chutado (nunca saberemos ao certo) da banda em 2021 . Confesso que me preocupou muito saber que não teríamos solos mais técnicos como os de Mark, mas Arthur não fez feio, também não algo digno de efusivos elogios, onde talvez aí seja o ponto fraco do disco: a falta de solos mais vistosos. Mas fez um belo trabalho na produção, sejamos justos.
Mark segurava bem as pontas do ‘vovô’ Max, principalmente ao vivo onde ele insistia em só segurar a guitarra durante seus shows. Não é a toa que alguns shows esse ano, já sem Mark, foi chamado Dino Cazares (Fear Factory) para dar um help, mas mesmo ele sendo um BAITA guitarrista B-A-S-E não é o cara certo para a banda, pois para a vaga necessita-se de um cara que faça solos decentes e certeiros. Vamos torcer para alguém realmente mais adequado seja recrutado. Nas bases já temos o mestre, e agora sem Mark, vai ter que deixar a preguiça de lado e voltar a soltar a munheca de novo como fazia antes. Por esse ponto, foi bom (risos).
Influências de Death Metal e Thrash Metal, junto a levadas tribais (em menor escala dessa vez, mesmo sendo a marca registrada de qualquer composição de Max desde 1996) por todas as faixas, principalmente na soberba “Scouring The Vile”, que tem a participação de John Tardy (vocal/Obituary) soltando os demônios junto com Max.
Como disse antes, creio que esse álbum foi criado para ser calcado nos riffs, pois praticamente em todas faixas eles se destacam bastante, então se você gosta daquela palhetada abafada para baixo, junto a ritmos quebrados e paradinhas, vai gostar muito de “Totem”. Não espere algo fora da bolha, pois o Soulfly entrega aquilo que você espera. Talvez, a mais “diferenciada” seja a excelente “Spirit Animal” pela sua sonoridade mais experimental e cheia de climas, “Rot In Pain” com um tecladinho de fundo que lembra um pouco King Diamond vitaminado e ogro, e obviamente a instrumental “Soulfly XII”, que na minha opinião é totalmente desnecessária da mesma forma que as outras 11 anteriores (risos). Agora, se quer paulada sinta o peso de “Filth Upon Filth”, “The Damage Done”, “Ecstasy Of Gold” e “Ancestor”, sendo essa última totalmente Sepultura!
Sinceramente? Esse disco é uma delícia de se ouvir do começo ao fim.
Johnny Z.