Metal na Lata

Barril de Pólvora – “Barril de Pólvora” (2018)

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Barril de Pólvora – “Barril de Pólvora” (2018) 
Independente
#HeavyMetal#HardRock#BluesRock

Para fãs de: Made In BrazilIron MaidenGolpe De Estado

Nota: 9,0

Talvez exista uma linhagem de Heavy Metal tipicamente brasileira, que caminha por um Metal extremamente tradicional, esquema Iron Maiden/Black Sabbath, mas que não perde a chance de, sempre que possível, se esparramar num bom e velho Hard Rock Setentista, regado a solos de guitarra em pentatônica e muita veia Blues, com direito a vocais predominantemente agudos e letras cantadas em português.

Este tipo de padrão foi se definindo ao longo dos anos 70, nas mãos de bandas como Made In Brazil, Sangue na Cidade, e foi ganhando musculatura especialmente após o lançamento das coletâneas “SP Metal”, já em meados dos anos 80, com a soma da contribuição inestimável do Inox, A Chave do Sol, Harppia, Golpe de Estado entre outras.

A boa novidade é que este estilo tipicamente brasileiro está mais vivo do que nunca, e muito bem cuidado nas mãos do Barril de Pólvora que, enfim, lança seu primeiro álbum, com trabalhos autorais de altíssimo nível, desde a paulada a lá Maiden de “Som do Trovão”, o Metal Setentista de “Muito Papel Pra Pouca Solução”, passando pela blueseira descarada de “Inércia”, “Tocando No Inferno” e “Blues da Saudade”, voltando a cavalgar pelo Metal em “Loucuras, Sonhos e Delírios” – aliás, esta música tem uma letra muito legal e tão bem encaixada em linhas típicas de Heavy Metal que me fez repensar a má vontade que às vezes eu nutro contra Metal cantado em português – e na faixa-tema da banda, “Barril de Pólvora”. Ainda tem uma música instrumental para encerrar, numa pegada meio Led, chamada “Tempestade”.

A produção é muito bem cuidada, todos os instrumentos se fazem presentes naquele esquema “na cara” e a timbragem ajuda a manter o pique tradicional das músicas, remetendo àquela textura típica dos anos 80, certamente por onde se criaram Alex Bonfim (bateria), Saulo Santos (baixo), Flávio Dager (vocal) e Emerson Martins (guitarra) – tudo cachorro grande.

Deveria ser uma obrigação todos que se consideram headbangers e que são nascidos no Brasil adquirirem uma cópia deste trabalho e ouvir periodicamente a fim de entender, através de boa música, que o Heavy Metal Nacional tem uma história própria e que deixou muita saudade para quem viveu seu surgimento nos anos 80 – ainda mais quando, hoje em dia, temos de conviver com uma transição na cena que, em geral, é de matar de tédio. Confira agora mesmo!

Wallace Magri

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