Behemoth – “The Shit Ov God” (2025)
Nuclear Blast Records | Shinigami Records
#BlackMetal #DeathMetal #BlackenedDeathMetal
Para fãs de: Watain, Hate, Belphegor
Texto por Lucas David
Nota: 10
Chegando ao 13º disco de sua carreira, o Behemoth dispensa grandes apresentações ou a necessidade de provar algo a alguém. Com mais de 30 anos de estrada, a banda já enfrentou e superou diversos desafios — especialmente seu líder e voz ativa, Nergal. Ainda assim, o grupo nunca tirou o pé do acelerador e acaba de lançar mais um excelente trabalho: The Shit of God, via Nuclear Blast Records.
Falando em Nergal, vamos tirar logo esse assunto da frente: o músico utiliza bastante as redes sociais para propagar suas ideias, provocar e alimentar polêmicas. Concordar ou não com ele é uma escolha pessoal — estamos aqui para falar de música. No entanto, é inegável a força e o impacto que suas ações reverberam na sonoridade e na mensagem que a banda entrega aos fãs.
Dito isso, The Shit of God é um dos melhores trabalhos já lançados pelo Behemoth, especialmente nesta era moderna. Diferente de Opvs Contra Natvram (2022), este novo álbum soa mais limpo, com as arestas devidamente aparadas. O disco é direto, sem intros, elementos soltos ou interlúdios como faixas separadas — tudo está incorporado às próprias músicas. Isso dá a sensação de continuidade, como se cada faixa fosse a sequência natural da anterior, fazendo com que os 38 minutos de duração passem de forma fluida. Outro ponto de destaque é a fenomenal produção de Jens Bogren (Fascination Street Studios), que conferiu um tom ainda mais sombrio ao material, explorando os dois lados que sempre marcaram o som da banda: o mais cru e direto, aliado ao moderno. O resultado é um disco de Black Metal agressivo, brutal e direto ao ponto, com uma produção cristalina, onde tudo é audível e marcante — dos vocais aos corais, do baixo aos arranjos de cada instrumento.
Falando das músicas: o álbum se inicia com “The Shadow Elite”, um dos singles lançados anteriormente. É, facilmente, uma das melhores faixas do disco, iniciando com um riff gigantesco de guitarra, bateria cheia de viradas e blast beats, e um baixo que adiciona um peso absurdo. Por volta da metade da música, ela acelera e entrega um som perfeito para o headbanging. Certamente foi feita para ser cantada a plenos pulmões nos shows.
Na sequência, “Sowing Salt” alterna entre momentos mais cadenciados e explosões de blast beats, com passagens que remetem ao Thrash/Death Metal, além de um solo de guitarra matador. Destaque para o trabalho absurdo de Inferno atrás do kit: as viradas, os blast beats, os ritmos — tudo é brutal e selvagem, um verdadeiro massacre sonoro.
A faixa-título chega com um andamento mais lento, porém jogando todo o peso possível sobre o ouvinte, recheada da boa e velha blasfêmia que tanto apreciamos. Já “Lvciferaeon” enfia o pé no acelerador, com o Death Metal dominando, e dá uma breve pausa apenas para o estrondoso refrão em que Nergal vocifera:
“If I am God
Everyone is
If I am God
If I am not
None exists“
“To Drown The Svn In Wine” é, disparada, a melhor faixa do álbum. Não há firulas, descanso ou qualquer traço de misericórdia. Os vocais estão insanos, os riffs são rápidos, sujos e pesados, e a bateria é esmagadora — do jeito que a cartilha do Black Metal manda. A música ainda surpreende perto do fim com a entrada de um vocal feminino entoando uma espécie de oração, enquanto Nergal solta gritos doentios — um trecho perturbador e assustador.
A pegada mais épica e clássica da banda surge em “Nomen Barbarvm”, onde a bateria e a guitarra criam uma atmosfera orquestral, com um coral reforçando as palavras de Nergal. Isso eleva ainda mais o som apresentado. “O Venvs, Come!” é mais mid-tempo, mas extremamente pesada. Parece até que a banda concentrou todo o peso nesta faixa, que explode a cada batida — experimente ouvir com fones de ouvido, é uma experiência única.
Para encerrar, “Avgvr (The Dread Vvltvre)” retoma a velocidade, trazendo mais uma dose de riffs cortantes, um vocal fantasmagórico que permeia alguns trechos e um baixo pulsante, martelando cada nota. Uma excelente forma de finalizar o álbum, com um tom de encerramento, como se fosse o último prego no caixão — ou na cruz.
Seja você fã dos trabalhos antigos ou dos mais recentes, certamente encontrará algo aqui que o dominará. É um retorno às origens sem soar datado ou desatualizado. A banda soube incorporar a modernidade ao seu som extremo e entregou mais uma obra-prima ao metal: riffs marcantes, passagens pesadas, vocais brutais e blasfêmia sem medida, feitas para desafiar qualquer regra ou limite. The Shit of God é um sucessor à altura da história do Behemoth, e, se você ainda duvidava que a banda poderia entregar algo realmente digno, Nergal e companhia estão aqui para lembrá-lo de quem está sentado no trono do Black Metal, reinando supremo!