Bruce Dickinson – “The Mandrake Project” (2024)
BMG
#HeavyMetal
Para fãs de: Iron Maiden, Judas Priest, Deep Purple
Texto por Luiz Gustavo Santos
Nota: 7,0
Dezenove longos anos após o seu último lançamento solo, o lendário vocalista Bruce Dickinson convocou seu fiel escudeiro Roy Z para um novo trabalho. “Tyranny of Souls”, de 2005, foi um disco que envelheceu bem, embora ainda ache ele meio “montado”, sem alma de disco. Mas para “The Mandrake Project” as expectativas eram imensas. Seja pelo hiato entre os lançamentos, pelo frutífero período do Maiden, seja pelo frisson causado na cena depois do anúncio do projeto.
Mas, com o hype lá em cima, a decepção costuma ser mais intensa. E a sensação da grande maioria dos fãs com esse disco parece de fato ser de desapontamento. E não é à toa. A maior parte das faixas se mostra sem sal, pouco inspiradas. É o caso de “Many Doors to Hell”, “Rain on the Graves”, “Face in the Mirror”, dentre outras músicas que não fedem nem cheiram. E a coisa é mais grave do meio pro fim do disco. Confesso que quase não chego ao fim de “Sonata (Immortal Beloved)”, que se arrastada por quase 10 minutos ao final do álbum. Parece uma faixa feita por Bruce pra ele próprio cantar no chuveiro e que, por acaso, acabou vendo a luz do dia.
Mas também há aspectos positivos. O primeiro deles é o single “Afterglow in Ragnarok”, que abre o disco com um belo riff de espinha dorsal e um refrão fácil de agradar. Também é positivo que Bruce tente experimentações no disco, fugindo da tentação de virar cover de si mesmo. Alguns experimentos dão certo, como na dark “Resurrection Men” e em “Fingers in the Wounds”, que conta inclusive com uma sonoridade árabe a lá Myrath. Já pelo lado mais tradicionalista, “Mistress of Mercy” é uma baita faixa. Remetendo a “Freak” (Accident of Birth, 1997), a faixa podia perfeitamente estar em um dos álbuns clássicos do vocalista. Outro destaque é “Eternity Has Failed”, já doada ao Maiden para o álbum “Book of Souls” (2015).
É ótimo ver Bruce tão ativo e cantando com a excelência de sempre. Melhor ainda vê-lo buscando ser criativo ao lado de Roy Z. Contudo, isso não é suficiente para que se crie um ótimo disco. Pra um artista da magnitude de Bruce Dickinson, lançar algo “que não chega a ser ruim” é uma má notícia. Espero que não tenhamos que esperar mais duas décadas por algo que realmente coroe sua brilhante carreira.