Façade – “The Eternal Dance” (2019)
Independente
Para fãs de: (EchO), Somnus Aeternus, Crypt Of Silence, Ever Circling Wolves, Before The Rain
#DeathDoomMetal, #AtmosphericDoomMetal, #PostMetal
Nota: 10
A trajetória de 2019 foi marcada por uma verdadeira avalanche de lançamentos, isso abrangendo apenas o Doom Metal e suas múltiplas metamorfoses. Claro que é humanamente impossível acompanhar, ouvir e apreciar tantos trabalhos, assim sendo, uma triagem, ainda que não seja tão eficiente e ampla, se faz necessária – entre bons, péssimos, cópias fiéis do mais do mesmo e ótimos, surgem encantadoras surpresas, eis um exemplo que claramente pertence ao último grupo, seu nome, “The Eternal Dance”.
Longe de ser apenas mais um capítulo musical na trajetória de uma jovem banda, no caso, o holandês, Façade – ele é sua prova cabal de amadurecimento, de sua evolução e de sua sábia fuga de paisagens e tendências já comuns e saturadas.
“The Eternal Dance” é um trabalho detalhista tanto em conceito, quanto em estética e presença. Nela, o peso intrincado do Death/Doom Metal tradicional se harmoniza com as notas azedas e tétricas do Sludge e encorpora-se às texturas sonoras comuns ao Post-Metal.
Essa soma de sonoridades é amplamente exibida e explorada com profundidade em 5 faixas intensas, oníricas e monolíticas, cujo caráter das letras torna-as ainda mais densas – a vida e seus ciclos como objeto de estudo e reflexão: os tantos pontos finais que nada finalizam, sendo sempre novos começos, o sopro que aqui cessa, inaugura-se em outro ser e em outro lugar.
“Unmade” e “Mask” são os verdadeiros portais que nos lançam para dentro dos enredos do álbum: duas peças de lúgubre arquitetura, tal qual o álbum é.
“Ego” e “Death” são densas, aterradoras, aflitas e por assim ser – pavilhões musicais. “Moksha” é a última coluna do álbum, um mezzo instrumental carregado de atmosferas progressivas, devidamente adornado com pensamentos do filósofo e multifacetado, Alan Watts, sobre vida e morte, e os mistérios de ambas.
“The Eternal Dance” é um disco inteligente, munido de alma e de emoções. Seria uma simples exibição de arte, se não fosse um antídoto contra a mesmice e as caricaturas musicais destes tempos.
Fábio Miloch