God Dethroned – “The Judas Paradox” (2024)
Reigning Phoenix Music
#BlackenedDeathMetal
Para fãs de: Necrophobic, Sacramentum, Hate
Texto por Matheus “Mu” Silva
Nota: 8,0
Um dos grupos mais subestimados e, ainda assim, muito consistentes ao longo de sua carreira, o God Dethroned lança seu décimo segundo álbum, “The Judas Paradox”, via Reigning Phoenix Music.
Na ativa desde 1991, o God Dethroned passou por algumas pausas, com seu primeiro hiato em 1993, após divergências entre os integrantes. Retornaram em 1996, se separaram novamente em 2011, voltando em 2015 para alguns shows, até um retorno definitivo em 2017. Apoiado em seu único membro original, o vocalista/guitarrista Henri “The Serpent King” Sattler, a banda lançou álbuns muito bons, como o de estreia “The Christhunt” (1992) e “The Grand Grimoire” (1997), até chegar ao seu trabalho mais conhecido, o excelente “Bloody Blasphemy” (1999), com seu som entre o Black/Death Metal. Na década de 2010, a banda explorou um som mais próximo do Thrash/Groove.
Curiosidade: a banda veio uma única vez ao Brasil, na turnê do “Passiondale” (2009), e eu planejava ir ao show. Lembro-me de ter ido à Galeria do Rock e descoberto que haveria o show, mas, sem dinheiro, levei alguns CDs para vender e comprar o ingresso. Quando fui comprar, uma infelicidade: o show em São Paulo foi cancelado, embora os outros no Brasil tenham ocorrido normalmente. Fica a esperança de um retorno ao nosso país, já que nunca mais vieram para cá.
O disco abre com a faixa-título, “The Judas Paradox”, que também ganhou um videoclipe recentemente. É um excelente começo, cadenciado e com um solo soberbo de quase um minuto e meio, trazendo uma sensação épica. Ao ver o clipe, já imaginei que seria uma das melhores do álbum, e começar com ela foi um ponto positivo. Em seguida, temos “Rat Kingdom”, onde o God Dethroned se aproxima de um Black Metal mais atual. A banda passou a usar corpse paint, como visto no clipe dessa faixa, que se destaca como mais um grande momento do disco. “The Hanged Man” é outra ótima faixa, com suas dobras vocais, perfeita para headbanging, entregando mais um excelente solo. As letras são simples, no bom sentido, facilitando a assimilação e tornando as músicas memoráveis. “Asmodeus” acelera o ritmo, com blast beats furiosos, sendo a faixa mais extrema do disco. Como mencionado, a aproximação com o Black Metal deu um peso ainda maior ao som, mantendo a intensidade sem perder clareza.
“Kashmir Princess” é uma faixa mais cadenciada, permitindo uma pausa após as mais brutais. No entanto, essa calmaria não dura muito, pois “Hubris Anorexia” é devastadora, mais uma vez focada no Black Metal, com uma passagem mais arrastada no meio.
A partir dessa faixa, o disco começa a soar um pouco repetitivo. Após algumas audições, fica claro que o álbum é tão consistente que o ouvinte acaba se apegando a três ou quatro faixas que se destacam do começo ao fim. Isso não significa que o “lado B” não tenha seus momentos: “Hailing Death” e a faixa final, “War Machine”, são boas, mas lembram muito o que já foi apresentado nos quarenta minutos anteriores. Com onze faixas, o álbum poderia ter sido condensado em oito, focando nas que apresentam um desenvolvimento marcante, sem depender apenas do extremismo. Isso pode ser reflexo do processo de gravação: em entrevista recente, Henri comentou que foi a primeira vez que a banda gravou separadamente, cada um em sua casa, o que pode justificar momentos repetitivos pela falta de química ao compor juntos no estúdio.
“The Judas Paradox” injeta um novo fôlego na história do God Dethroned. A aproximação com o Black Metal foi bem executada e bem-vinda, enriquecendo o som, mas ainda precisa evoluir. O álbum anterior, “Illuminati”, entregou um resultado mais natural e coeso, algo que faltou um pouco neste trabalho, apesar de seus bons momentos. Como uma banda que sempre evitou a mesmice, o God Dethroned continua valendo a audição.