Harppia – “Caixa de Pandora” (2023)
Dies Irae Records
#HeavyMetal
Para fãs de: Vírus, Salário Mínimo, Centúrias
Texto por Matheus “Mu” Silva
Nota: 8,5
Seis anos após o lançamento de “3.6.9.H.A.A.R.P.”, a tradicional banda paulista de Heavy Metal Harppia lançou seu quarto disco de estúdio, “Caixa de Pandora”, em 6 de outubro de 2023, via Dies Irae Records.
Formada em 1983, o Harppia é um dos nomes mais antigos do metal pesado brasileiro ainda em atividade. A banda eternizou seu lugar na música nacional com discos clássicos como o EP “A Ferro e Fogo” (1985), que inclui o hino “Salem (A Cidade das Bruxas)”, e o álbum “7” (1987). Com seu Heavy Metal em português, o grupo alcançou grande popularidade no final dos anos 80, em uma época de auge da cena nacional. Liderado pelo único membro original, o incansável Tibério Luthier, o Harppia já contou com músicos relevantes para o rock brasileiro, como Jack Santiago (que gravou o primeiro EP), Percy Weiss (Made in Brazil) e Hélcio Aguirra, que saiu para fundar o Golpe de Estado. Esses músicos de calibre entregavam apresentações explosivas e memoráveis, ajudando a cimentar o nome da banda na história. Apesar de algumas pausas e mudanças, o Harppia está em atividade desde 2007. Para este novo álbum, a formação inclui Tibério na bateria, Allan Gomes no vocal e Aya Maki na guitarra.
O disco abre com a animada “O Inferno foi Libertado”, um Heavy Metal simples, pesado e direto, respeitando a tradição da banda. “Prisioneiro do Tempo” destaca o trabalho primoroso de Aya na guitarra, com variações de andamento ao longo dos cinco minutos, além da criatividade de Tibério acompanhando os riffs. “Demon Jack” traz nuances de um blues mais pesado, com Allan e Aya trocando riffs e vocais em mais uma ótima faixa. “Lúcifer” mantém a pegada clássica do disco, apostando no menos é mais e remetendo à fase oitentista, com uma levada que instiga o headbanging. A faixa seguinte, “Exército de Estranhos”, é um dos pontos altos do disco. Com uma vibe Hard/Heavy deliciosa e um toque oitentista, a faixa soa como uma raridade daquela época, ou como se tivesse sido transportada diretamente dos anos 80 – só ela já vale o álbum. “Sabedoria Oculta”, por outro lado, destoa um pouco do restante. Embora não seja ruim, seu andamento não encaixa tão bem, parecendo uma faixa isolada. Vale destacar o trabalho do baixo, que é superior ao do disco anterior. O álbum encerra com “Esta é Minha História”, que, após uma introdução acústica, entrega um Heavy Metal puro, daqueles que fazem você tocar air guitar junto com o riff. A adição de Aya à banda se mostra um acerto, e a faixa conta com uma letra cativante e um coro para cantar junto, certamente um sucesso ao vivo.
“Caixa de Pandora” é mais um capítulo na longa trajetória do Harppia, um trabalho excelente e superior ao anterior, o que é louvável. Tibério mostra que não pensa em desistir, carregando o nome de sua banda com mais um disco de qualidade e provando que o Heavy Metal cantado em português merece todas as palmas.
