Leprous – “Melodies of Atonement” (2024)
InsideOut Music
#ProgMetal
Para fãs de: Ihsahn, Haken, Riverside
Texto por Matheus “Mu” Silva
Nota: 8,0
“Como um bom vinho, merece ser degustado…”
Em plena ascensão desde o lançamento de seu segundo álbum, “Bilateral” (2011), e uma das bandas mais interessantes a terem surgido nesse século, o Leprous lança hoje sua mais nova obra, o disco “Melodies of Atonement”, via InsideOut Music.
Formado em 2001, o Leprous é… O Leprous. Seu som passeia por muitas nuances, por vezes progressivo, outras metal, doses de melancolia, complexidade, simplicidade, e momentos deliciosamente bem elaborados. Liderado pelo soberbo e versátil vocalista Einar Solberg, e pelo excepcional guitarrista Tor Oddmund Suhrke, ambos desde o início, a banda ainda conta com Robin Ognedal na outra guitarra, Simen Børven no baixo, e Baard Kolstad na bateria, juntos conseguiram construir uma musicalidade ímpar, e isso fez com que eles conseguissem destaque na comunidade metal, encontrando seu ápice no apoteótico “Pitfalls” (2019,), mantendo a qualidade em “Aphelion” (2021), e culminando agora em seu último álbum. Na verdade, o fato da música do Leprous não ser tão definida, é preciso ouvir com a mente aberta. Pessoas que acabam precisando de um estilo fixo para se guiar pelo que uma banda quer passar em seu som, acabam por não se permitir absorver o que eles querem apresentar. É oito ou oitenta, ou você ama essa diversidade musical, ou vive de nichos. E tá tudo certo.
“Silenty Walk Alone” abre o disco de forma simples, aliás é uma das faixas mais “simples” do álbum, mas não menos bacana, com os elementos mais recentes que ajudaram o Leprous a caracterizar seu som, como o Einar crescendo ao longo da faixa até chegar em seu refrão, riffs hora pesados, hora inesperados, nunca dá pra esperar o que Tor vai aprontar ao longo das faixas, extraindo da guitarra alguma melodia que funciona pro que ele quer pra sua banda naquele momento, e de fato agrega pra música.
“Atonement” vem na sequência, e conversa mais com o que foi feito nos dois últimos álbuns, com passagens mais soturnas… até chegar a passagem explosiva, impossível de ficar com a cabeça parada sem seguir o que está acontecendo, e com aquela passagem grudenta “it’s all because of you”, é Leprous no seu melhor. Em “My Specter”, a banda já pende pro ostracismo, é uma faixa comum e uma das mais fracas do disco, não não é ruim, mas não tem nada demais. “I Hear The Sirens” é uma faixa densa, que prioriza o trabalho vocal de Einar, flutuando em suas tradicionais melodias melancólicas. E aí vem a pedrada “Like a Sunken Ship”, que ganhou um clip explosivo, assim como essa música é. Aqui é Leprous com L maiúsculo, todas as nuances da banda permeiam essa música, que da metade pra frente ganha um gás absurdo, e ainda tem uma passagem gutural que engrandeceu demais esse som, coisa mínima, mas pro momento, jogou a música lá em cima. Ah, e se você não fez o “lalalalala” junto, ouça mais umas duas vezes, que vai acabar fazendo involuntariamente. A melhor do disco sem dúvida, e uma das melhores da própria banda.
“Limbo” é outra faixa muito boa, com seu andamento mais progressivo, e que evidencia outra característica tanto da música quanto da banda em si, da metade pra frente a música cresce demais, uma das mais completas do disco. “Faceless” não é diferente desse conceito, progressões de guitarra e bateria preenchendo cada momento, e Einar instigando ouvinte a cantar junto, esse som caso seja tocado ao vivo, vai funcionar muito bem. “Starlight” fecha essa trinca de músicas, que conversam muito bem entre si, e com um final excelente.
Apoiada na maior parte em melodias vocais, “Self Satisfied Lullaby” trás a tona o Leprous introspectivo, com coros, passagens lentas, que vale a pena aproveitar os detalhes, que trazem o som do Leprous pra fora da caixinha. E na sequência, a última do disco, “Unfree My Soul”, que mais tem cara de sobra de estúdio, pra encher linguiça no álbum, totalmente esquecível.
Em mais um grande trabalho, “Melodies of Atonement” se equilibra quando comparado ao “Aphelion”, mas não tão ambicioso quanto os anteriores. Mais uma vez o Leprous entrega uma obra de qualidade, dentro de sua proposta ímpar. O final do disco deixa um pouco a desejar, mas não chega a afetar o disco como um todo, que realmente tem grandes momentos, tendo em “Like a Sunken Ship” um futuro clássico da banda, certamente.