Macabre – “Dahmer” (2000) (Relançamento 2024)

Macabre - Dahmer
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Macabre – “Dahmer” (2000) (Relançamento 2024)

Nuclear Blast | Shinigami Records
#DeathMetal #Grindcore

Para fãs de: Carcass, Napalm Death, Brujeria

Texto por Caio Siqueira Iocohama

Nota: 9,5

“Dahmer”, lançado originalmente em 2000, é uma das obras mais brutais e bizarras já lançadas pela banda americana Macabre — um grupo que mistura death metal, grindcore e pitadas de humor negro como poucos conseguem fazer. Com um conceito totalmente baseado na vida e nos crimes do infame serial killer Jeffrey Dahmer, o álbum apresenta 26 faixas que percorrem cronologicamente os eventos da vida do assassino.

A estética do disco é única. Musicalmente, o Macabre mescla riffs rápidos com vocais que alternam entre guturais, gritos agudos e até vozes caricatas, criando uma narrativa quase teatral. A banda não busca apenas o peso extremo, mas sim uma experiência que mistura o grotesco e o satírico — um death metal “storytelling” que parece um documentário macabro contado por psicopatas com instrumentos.

A tríade formada por Corporate Death (guitarra/vocal), Nefarious (baixo/vocal) e Dennis The Menace (bateria) é impecável na execução. Faixas como “Jeffrey Dahmer and the Chocolate Factory” e “McDahmers” são exemplos da capacidade da banda de unir técnica com um senso de humor ácido — por vezes perturbador, por vezes absurdo. A influência do punk e do hardcore se faz presente na curta duração das faixas, que beiram o grindcore clássico.

“Hitchhiker”, presente frequentemente no repertório dos shows do grupo, é um bom exemplo de peso que combina com os vocais guturais de Corporate. Com 3:30 de duração, é uma das faixas mais longas do álbum, composto majoritariamente por músicas extremamente curtas (menos de dois minutos). Afinal, a vida de um serial killer, para ser abordada em um álbum com 26 músicas, precisa ser tratada com uma certa objetividade.

Como mencionado anteriormente, “Jeffrey Dahmer and the Chocolate Factory” é um bom retrato do grupo: retratos de desgraça, com vibe de Oompa Loompa. “Coming to Chicago”, na melodia de “She’ll Be Coming ‘Round the Mountain”, é outro momento “divertido” do álbum — embora a letra trate de pessoas sendo mutiladas por Dahmer, que depois ainda tirava fotos…

“Trial” é um ponto muito interessante do álbum. O vocalista/guitarrista Corporate Death esteve presente no julgamento de Jeffrey Dahmer e retrata brevemente sua experiência em versos como:
“I went to see Jeffrey Dahmer’s trial / To see the man that committed the acts most vile / To hear some of the testimony / And listen to what the witnesses say.”

No próprio Facebook da banda, havia um link para um vídeo no YouTube que mostrava o momento em que o vocalista aparecia nas imagens do julgamento. Infelizmente, ao acessar o link, o vídeo não está mais disponível.

Na reta final, “Do the Dahmer” é excelente, assim como a breve “Dahmer’s Dead”, cuja letra é basicamente:
“Ding dong, Dahmer’s dead / Massive injuries to his head / Ding dong, Dahmer’s dead / Christopher Scarver smashed in his head.”

No fim das contas, Dahmer é um álbum diferenciado dentro do metal. Pode não agradar a todos, mas quem embarca na proposta da banda vai encontrar aqui um trabalho criativo, pesado e completamente fora da curva. É aquele tipo de disco que você ouve com um misto de choque e risada — sem saber se canta junto ou chama um padre.

Macabre transforma uma história real e perturbadora num álbum cheio de personalidade, com letras absurdas, riffs certeiros e um humor negro que beira o surreal. É estranho, é errado… mas é impossível de ignorar.

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