Machine Head – “Of Kingdon And Crown” (2022)

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Machine Head“Of Kingdon And Crown” (2022)
Nuclear Blast | Shinigami Records
#GrooveMetal, #ThrashMetal

Para fãs de: Pantera, Sepultura, Soulfly, Prong, Lamb Of God, Gojira

Nota: 10

Prometo que tentarei ser breve nessa resenha, pois a nota acima já escancara praticamente tudo o que acho dessa obra prima da máquina chamada Machine Head.

“Catharsis”, álbum anterior, foi um bom álbum? Sim e não. Sim porque eu gostei de muitas músicas dele – não todas -, e não porque perto dos clássicos fabulosos anteriormente lançados era praticamente uma afronta a qualidade conhecida da banda.

Pois bem, 4 anos depois e com metade da banda caindo fora, Robb Flynn (vocal/guitarra) – junto ao seu agora fiel escudeiro Jared MacEachern (baixo) resolveram não só despejar muita fúria e voltar definitivamente aos tempos do magistral “The Blackening” (2007). Sim meus caros, “Of Kingdom And Crown” é uma versão atualizada de “The Blackening” sem por nem tirar, talvez a única diferença ao meu ver é que nesse novo trabalho temos umas sonoridades com camadas mais “progressivas” ao fundo e certas inserções de Djent aqui e ali (pouco, mas tem sim senhor!). Mas calma, por isso coloquei “entre aspas”, pois as pessoas quando leem “progressivas” já acham que é um Dream Theater chato ou pior! NADA DISSO! Aqui temos apenas climas que envolvem as faixas girando em torno de ornamentações mais de cunho emocional. Aliás, emoção é uma coisa que Robb Flynn vem usando e abusando nos últimos discos com muita maestria.

A temática forte do álbum aborda uma história entre um assassino e o amante de uma de suas vítimas, ou seja, o conceito épico e emocional corre solto.

Os caras acertaram em cheio em TODAS as 13 faixas desse que – para mim – é, até agora, o melhor álbum de Metal lançado esse ano por conter tudo que a nomeação exige: criatividade, melodia, refrão impactante, produção, peso e muito bom gosto para aqueles que amaram “The Blackening”!

A abertura com “Slaughter The Martyr” é a prova cabal de tudo isso, escancarando logo de cara TUDO regado a um início bem melancólico, transbordando sensibilidade e emoção que dura mais de 3 minutos até entrar uma pancadaria que se você fechar os olhos vai achar que está ouvindo o disco supra citado. Não, a banda não reciclou um sucesso anterior da carreira, ele o aperfeiçoou e trouxe-o para 2022 com muita grandeza!

Um dos destaques pessoais meus nesse disco é o trabalho de guitarra base nesse disco, simplesmente vigoroso, pesadíssimo e encorpado como tem que ser.

Seguindo a violência temos “Choke On The Ashes Of Your Hate”, com um belíssimo trabalho de baixo de Jared, das guitarras trazendo certas influências de Djent e do baterista contratado Navene Koperweis, ex-baterista do Animosity e Hoods and Animals as Leaders, atual Entheos, e que também grava em estúdio para a banda Job For A Cowboy. Sim, Matt Alston – o novo e atual baterista – não gravou nada no álbum, diferente do que estão falando por aí sem sequer ler o encarte. A saber, como o álbum começou a ser gravado em 2019 e teve a pandemia para atrapalhar tudo, a entrada de Matt se deu após toda as partes de bateria estarem praticamente prontas e com isso Robb conseguiu se focar nas audições de bateristas.

Wacław “Vogg” Kiełtyka (guitarra, também Decapitated), como entrou antes acabou participou ativamente da composição e gravação do álbum e fez um dos maiores bens para o Machine Head, que foi ter entrado na banda! O cara é um monstro e na violenta “Before The Firestorm” ele prova rapidamente que é a cara da banda com um solo monstruoso.

“Overdose” é apenas um interlúdio para entrar uma das mais emblemáticas faixas do álbum em termos emocionais: “My Hands Are Empty”.  Seu início melódico dá até para achar que algo mais calmo está por vir, certo? Sim e não. Temos aqui uma faixa meia brutal e meia progressiva de esfacelar nossos tímpanos que só gênios conseguem compor com tanta facilidade. Você vai ficar com a melodia do refrão na cabeça por semanas! Uma verdadeira montanha russa de sentimentos!

Seguindo o tracklist matador temos a também matadora “Unhallowed” que também se inicia com muita melodia e descamba para um groove ultra pesado de balançar as estruturas. Os vocais limpos de Robb estão excelentes e aqui ele dá uma aula de voz. Sem precisar de alcances altíssimos nem nada, apenas feeling e emoção! E nas partes pesadas, ele solta os cachorros com aquele ódio que tanto amamos. Falando em vocal dele, apenas um comentário bem pessoal deste quem vos escreve é que tem umas partes dos vocais de Robb que me irritam um pouco que é quando ele canta parece que “serrando os dentes” e para “dentro”, trazendo coisas do álbum “Supercharger”, vulgo New Metal chato. Aqui, ainda bem, ele faz bem pouco desse artifício e espero que alguma alma boa fale para ele parar.

Solos impecáveis, ora dobrados, ora Flynn, ora Vogg mostram que em tão pouco tempo juntos os dois conseguiram criar uma unidade e uma coesão impressionante. Fico imaginando o que virá daqui para frente! Enfim, “Unhallowed” é – também – sensacional!

Mais um interlúdio em “Assimilate”, para apresentar a pegajosa, brutal e mais cadenciada, arrastada e não menos pesada “Kill Thy Enemies” cuja melodia também grudará facilmente na sua cabeça. Nota-se claramente que a atual fase do Machine Head é fazer esse jogo de sentimentos: brutal e épico, pesado e melódio, groovado e veloz. “No Gods, No Masters” segue a linha de “My Hands Are Empty”, intercalando momentos calmos e progressivos com pura violência, inclusive com seu excelente refrão também chiclete. Poderia também estar em “Unto The Locust” facilmente, alias acho que essa faixa deveria ser alguma ideia que surgiu entre “The Blackening” e “Unto The Locust”, mas foi deixada de lado. Talvez somente a parte do refrão seja realmente nova criação. Veja bem, apenas achismo de minha parte (risos).

“Bloodshot” surge para arregaçar tudo sem dó nem piedade. Rápida e cheia daquele rifferama característica, mas com certos climas que me remetem ao melhor do criticado “Catharsis”. Mas aí temos “Rotten” que é “A RIFFERAMA”, “A PALHETADA”, “O PESO” e que nos remete facilmente a “Burn My Eyes” por conta exatamente desse peso, dissonâncias ritmas de guitarra e agressão. Extremamente pesada e – para mim – uma das melhores de todo o trabalho, pois traz o Machine Head que eu conheci em 1993/1994 à tona. Se a banda não a tocar sempre de agora em diante será um pecado mortal, pois é a faixa para abrir rodas criminosas em qualquer lugar do mundo. “Everything Is Rotten To The Core”!! Quer mais metal que isso???

Outra introdução chamada “Terminus” e aqui vai outra opinião pessoal deste redator: Eu não gosto de interlúdios, mas nesse caso os três usados no álbum caíram como uma luva e deram outra dimensão as faixas por conta de todo o conceito abordado, onde você se joga na história e chega até a sentir-se no lugar. Incrível!

A épica e vistosa “Arrows In Words From The Sky” fecha o tracklist normal do álbum da mesma forma que o iniciou: cheio de emoção, principalmente nos vocais de Flynn. Não é uma faixa extremamente violenta, pois mescla cadencia, elementos progressivos e um certo peso que casa completamente com o fato deslumbrante de seu crescendo. Extremamente linda essa faixa e seu solo é algo para se aplaudir de pé!

Na versão cd digipak nacional lançada pela Shinigami Records, temos ainda duas faixas extras. A brutal, vibrante e agressiva instrumental “Exteroception” que eu não consigo entender que é somente uma faixa bônus, pois na minha modesta opinião é um dos pontos altos do disco! Um arregaço descomunal e pesadíssimo que eu afirmo ser uma das faixas instrumentais mais agressivas e perfeitas que já ouvi em minha vida! É daquelas músicas que você vai colocar para tocar enquanto está dirigindo e vai banguear na direção até que o vizinho do carro ao lado chame a polícia! Experiência própria, pois já passei uns micos quase adolescentes ouvindo-a no carro no volume 40, mas deixa para lá (risos). A outra é uma versão acústica para “Arrows In Words From The Sky” que para mim não fedeu e nem cheirou, apenas interessante e que não atrapalha em nada a audição.

Sim meus caros, a banda escorregou em “Catharsis”, mas não só levantou como também disparou para o topo onde estava e nunca deveria ter saído. Se modernizou mais? Sim, ainda bem, mas manteve-se fiel ao que fazia com primor nos seus clássicos. Com todo respeito do mundo, mas Phil Demmel não está fazendo falta nenhuma – mesmo ele sendo um BAITA guitarrista-, e sobre a bateria vou esperar para ver ao vivo ou ter outro álbum de estúdio onde Matt realmente desce o braço, já que mesmo tendo um trabalho primoroso e magistral em “Of Kingdom And Crown” (de baterista contratado) sinto falta da pegada de Dave McClain.

Desculpa segundo lugar de 2022, esse primeiro está bem longe de você no ranking.

É, não consegui ser tão breve (risos).

Johnny Z.



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