Banda principal: Michale Graves
Local: Circo Voador, Rio de Janeiro/RJ
Data: 20/06/2019
Produção: EV7 Live e Venus Concerts
Assessoria de comunicação: Lex Metalis Assessoria e Agenciamento
Texto: Marcelo Vieira
Fotos: Nem Queiroz (Fotografia Nem Queiroz) e Pedro Mello (RioMetal Press)
A presente turnê de Michale Graves traz o vocalista executando a íntegra dos dois álbuns que registrou à frente do Misfits — “American Psycho” (1997) e “Famous Monsters” (2000) —, segundo o próprio, em entrevista concedida ao Metal Na Lata no começo do mês (leia aqui), pela última vez. “Passada essa turnê, deixarei estes álbuns para trás e iniciarei um novo ciclo focado em meu material solo”, disse. Claro que músicas como “Dig Up Her Bones” ou “Saturday Night” jamais deixarão o seu repertório, mas os lados b e coisas que o próprio Misfits de hoje em dia, sujeito ao regime de Jerry Only, rejeita em suas apresentações ao vivo, quem não viu/vir agora, dificilmente terá outra oportunidade.
Quando se vai a um show sabendo exatamente o que esperar em matéria de repertório, o fator surpresa fica a cargo de outros aspectos. Devidamente aquecidos com uma playlist bolada pelo melhor DJ de rock do Rio de Janeiro, as quase 500 cabeças que ocupavam a área coberta do Circo Voador em meio a um chuvoso Corpus Christi deram um espetáculo a parte. Da subida de Graves ao palco, vestindo chapéu e uma camisa de força, até o pingo de solda final, 36 músicas/90 minutos depois, a atmosfera de devoção se manteve inalterada.
Roupas com alfinetes, pintura pesadíssima, cheirão de maconha no ar e um público dividido entre aqueles que se espremiam no gargarejo para ver seu ídolo de pertinho e aqueles que estavam lá pelo oba-oba das rodinhas de pogo, que só cessavam à contagem de “1, 2, 3, 4” que antecipava cada nova música. “Se quiserem subir aqui, tudo bem, mas tomem cuidado na descida”, alertou Graves aos que escalavam o palco para cantar junto com o cara ou, veja só, tentar uma selfie com o ídolo. Nas palavras de um bom amigo, houve uma “gourmetização do stage-diving”. “Vocês vão me fazer ter um ataque cardíaco aqui!”, exclamou Graves após uma sequência de descidas malfadadas.
Terminada a execução de “American Psycho”, o guitarrista Loki Boñes pediu dois minutinhos para a banda se recompor. E foram só dois minutinhos mesmo! Ao ver que boa parte do público havia dispersado em busca de água ou de ar — calor infernal, apesar de estarmos em pleno inverno —, Boñes berrou: “Onde vocês pensam que vão? Não querem mais um… álbum?”. Correria total e tome “Famous Monsters” de cabo a rabo, com direito a uma pausa antes de “Fiend Club” na qual Graves usou um trecho da fantástica letra — “We’re not losers all of the time” — como gancho para um discurso motivacional cuja legitimidade foi assegurada pela voz chorosa e pela emoção estampada em seu rosto que nem mesmo a maquiagem de morto-vivo foi capaz de esconder.
No bis, “I Don’t Wanna Be (A Superhero)” do Roadrunner United pareceu sintetizar a mensagem: aceitemos nossa humanidade, estamos, sim, autorizados a tropeçar. Com Boñes, Howie Wowie (baixo) e Tony Baptist (bateria) improvisando, Graves deixou o palco rumo ao Bob’s mais próximo onde foi clicado tomando um milk-shake. Como não amar? (EDIT: Saberíamos como dois dias depois…)
Obrigado a EV7 Live e a Lex Metalis Assessoria e Agenciamento pelo credenciamento e pela parceria.
Setlist
Parte 1 (American Psycho):
Abominable Dr. Phibes
American Psycho
Speak of the Devil
Walk Among Us
The Hunger
From Hell They Came
Dig Up Her Bones
Black Light
Resurrection
This Island Earth
Crimson Ghost
Day of the Dead
The Haunting
Mars Attacks
Hate the Living, Love the Dead
Shining
Don’t Open ‘Til Doomsday
Hell Night
Parte 2 (Famous Monsters)
Kong at the Gates
The Forbidden Zone
Lost in Space
Dust to Dust
Crawling Eye
Witch Hunt
Scream!
Saturday Night
Pumpkin Head
Scarecrow Man
Die Monster Die
Living Hell
Descending Angel
Them
Fiend Club
Hunting Humans
Helena
Kong Unleashed
I Don’t Wanna Be (A Superhero)