Nervosa
Local: Sesc Belenzinho, São Paulo/SP
Data: 15/12/2017
Texto e vídeos por: William Ribas
Há algum tempo tenho para mim que a Nervosa é na atualidade a banda que mais leva o nome do Brasil para fora, seja gravando álbum nos USA, sendo entrevistadas em revistas, zines e sites no mundo afora, não importa aonde for, se tem Metal, de uma forma ou de outra, o nome da banda estará ali sendo divulgado e com isso o nosso país também. Aliado a tudo isso, ainda tem o fato de fazerem uma turnê atrás da outra, seja no continente europeu, americano ou sul americano, em festivais grandes, médios, ou até em casas pequenas no underground, elas estão sempre ali para provar e derrubar qualquer tipo de preconceito babaca e, porquê não, invejoso por parte de uma minoria extremamente insignificante e tosca.
A noite do dia 15 de dezembro ficará marcada como a noite de um dos melhores, se não o melhor show nacional de 2017. Por volta das 21h30, brutalidade, eficiência e carisma ímpares foram vistas na zona leste de São Paulo, provando de uma vez por todas que Fernanda Lira (baixo/vocal), Prika Amaral (guitarra) e Luana Dametto (bateria) formam, hoje em dia, uma das melhores bandas da atualidade.
O início se deu com uma trinca do último álbum, “Agony”(2016), com “Hipocrisy”, “Arrogance” e “Failed Systems” que vieram como um furacão pronto para devastar tudo que estivesse no seu caminho. Com toda certeza deve ter assustado muitas pessoas que passavam pela Av. Radial Leste naquele momento devido a fúria com que as músicas foram executadas. Fernanda, agradeceu ao público pela presença e dedicou o show para Cherry (Nervochaos) e Warrel Dane (Sanctuary/Nevermore) que, infelizmente, nos deixaram nessas últimas semanas.
O primeiro convidado especial da noite foi Marcus D’Angelo (Claustrofobia), que mandou junto com as meninas a arrasa quarteirão “Intolerance Means War”, fazendo com que todos batessem muito a cabeça e, com isso, algumas rodas foram formadas. Não sei se é apropriado dizer que uma banda nova já tem clássicos, mas o que se viu em “Death” beira perto disso. A felicidade ao ver e ouvir ela sendo tocada com maestria e sangue nos olhos, são indescritíveis!!
Algo extremamente importante é ver como essas meninas estão cada vez mais longe do estigma de promessa e cada vez mais se tornando uma realidade, trazendo-nos muito orgulho em meio a tantos coisas ruins que acontecem em nosso país. Guardadas devidas proporções a Nervosa está para a nova geração (e para mulheres que ainda se sentem oprimidas em meio a uma cena ainda machista), o que o Sepultura foi no meio dos anos oitenta para frente ou os gaúchos do Krisiun atualmente, fazendo todos sentir que sonhar é possível.
Mayara Puertas (Torture Squad) deu o ar da graça e simplesmente urrou muito em “Hostages” fazendo todos gritarem Torture Squad ao final da música. “Victim Of Yourself” e “Theory Conspiracy” anteciparam a entrada de umas das maiores entidades do metal nacional, Marcello Pompeu (Korzus), que com seu jeito único e carismático fez todos ficarem hipnotizados e simplesmente obedecerem a ordem do mestre, que era agitar como se não houvesse amanhã.
Um dos últimos shows de 2017 chega ao ‘grand finale’ com “Urânio Em Nós” e “Into Moshpit”, fechando o set de forma impecável e formidável e deixando o Sesc Belenzinho em um único sentimento e gesto, que é o de reverenciar as damas e donas do trono do Thrash Metal.
Definitivamente, a estrada, o tempo e a experiência estão fazendo muitíssimo bem para elas, pois estão extremamente entrosadas! É visível a energia que essas meninas transbordam para fora do palco. Depois de tudo, só me resta agradecer:
Obrigado Nervosa pela excelente noite e nos vemos no próximo Moshpit!!!
Setlist:
Hypocrisy
Arrogance
Failed Systems
Intolerance Means War (com Marcus D’Angelo)
Death
Surrounded By Serpents
Masked Betrayed
Hostages (com Mayara Puertas)
Victim Of Yourself
Theory Of Conspiracy
Guerra Santa (com Marcelo Pompeu)
Urãnio Em Nós
Into Moshpit
