Stone Mammoth – “Stone Mammoth” (2021)
Inverse Records
#StonerRock, #HeavyMetal, #HardRock, #StonerDoomMetal
Para fãs de: Black Sabbath, Planet Zeus, Kyuss
Nota: 8,0
Uma sonoridade altamente influenciada pelo Heavy/Rock setentista, com referências obvias da estreia homônima dos elementais de Birmingham. Um disco que foi todo composto em 2014 e que precisou apenas de dois dias para ser gravado — um para a checagem do som e outro para a gravação propriamente dita. Esse atraso e essa pressa marcam o lançamento de estreia do quinteto finlandês Stone Mammoth, o álbum, homônimo, foi lançado em fevereiro pela despontante Inverse Records.
Sem muitas pretensões ou floreios, o disco soma pontos por sua energia, por sua musicalidade vintage e orgânica e também por sua naturalidade. Tudo é devidamente encaixado e funciona deliciosamente bem, seja nos momentos mais viscerais como “Mammoth Rising”, “Lock ‘N Load (for Rock ‘N Roll)” e “Paralyzed Time” ou nas contidas, mas não menos ótimas: “Greatest Lover”, “Plante Mammoth” (viajante — “psicodeliciosa”), “Blind Eye Looking” e “Dying Hope” (que pede por um bom uísque à meia luz). Contudo, estas ainda não são os pontos altos (os mais altos, eu diria), “Runaway” é simplesmente um tesão de música, rifferama de classe, dinamismo e aquele espírito de quem faz música por amor, na inspiração dos momentos e sem seguir protocolos ou modismos. “Black & Green” fecha o material com peso e personalidade.
A cozinha sólida formada por Teemu Alho (bateria) e Juha Jaskari (baixo) cria o cenário perfeito para as bases e solos criativos dos guitarristas Timo Vuorela e Jani Paananen. Sobre o vocalista Jesse Etelämäki, ele simplesmente canta e captura as atenções, um tanto por suas qualidades e outro tanto por injetar sentimentos ora mais vibrantes e ora mais fechados às estruturas das composições.
Qualidades individuais e em conjunto se destacam por todo álbum, não reinventam a roda ou o fogo e por sinal, eles nem tem essa pretensão. Segundo o próprio guitarrista Timo Vuorela, a principal referência do álbum foi a estreia do Black Sabbath, ou seja, a banda foi na fonte, na cabeceira do rio, bebeu, se banhou e mergulhou por inteiro. E convenhamos, nem precisava dizer, pois, os solos e riffs denunciam suas origens. Isso é ruim? Não! Jamais! O Rock atual anda muito metódico, o Heavy Metal cada vez mais previsível e o Hard, ao que parece, está redescobrindo suas raízes — as bandas que se dedicam a revitalizar a velha forma (algumas com êxito e outras não), que o digam. Tão logo é mais gratificante ouvir uma banda honesta com influências obvias, mas demonstrando ter sangue nos olhos e destilados nas veias, que uma cópia barata e sem graça feita numa impressora moderna. Sinto muito, mas nada supera o cheiro tão característico dos mimeógrafos e seus estêncis, dopava a todos, mas era mágico. No caso, o Stone Mammoth tem esse cheiro e essa mágica.
Fábio Miloch