Venom – “Temples Of Ice” (1991)
(Relançamento 2025)
Under One Flag | Dynamo Records | Classic Metal Records
#HeavyMetal #SpeedMetal #Metal
Para fãs de: Judas Priest, Razor, Angel Witch, Possessed, Onslaught
Texto por Johnny Z.
Nota: 8,5
Se você não gosta da fase Tony Dolan, sinto lhe dizer que você tem sérios problemas (risos) — ou é um chato clubista (mais risos).
“Temples of Ice” é o sétimo álbum da lendária banda britânica Venom e marca também o segundo capítulo da era com Tony “Demolition Man” Dolan nos vocais e no baixo, substituindo o icônico Cronos. Ao lado de Jeff “Mantas” Dunn e Al Barnes nas guitarras, e Anthony “Abaddon” Bray na bateria, o grupo dá sequência ao caminho trilhado em “Prime Evil” (1989), apostando numa sonoridade mais técnica e com uma produção mais limpa — mas sem jamais perder o peso e a escuridão que fazem parte do DNA do Venom.
Essa fase do Venom costuma passar batida por muitos fãs da formação clássica, mas isso é uma baita injustiça. Temples of Ice mostra uma banda com garra, foco e energia, que soube amadurecer sem se tornar previsível. O disco entrega composições sólidas, cheias de ganchos, riffs afiados e solos que realmente dizem algo. É a prova de que o grupo ainda tinha muita lenha pra queimar nos turbulentos anos 90 do metal.
A pancadaria já começa com “Tribes”, uma faixa que mergulha na atmosfera obscura das origens da banda, mas com uma pegada renovada e uma entrega vocal intensa de Dolan. Na sequência, as metalzonas “Even In Heaven” e “Trinity MCMXLV” (esta com um começo bem Black Sabbath) mostram claramente que o timbre de voz de Dolan lembra muito o do saudoso Paul Di’Anno em suas partes mais viscerais em Killers, por exemplo — o que não é demérito nenhum. Pelo contrário: é um grande elogio!
Já “In Memory Of (Paul Miller 1964–1990)” traz um clima completamente diferente: é uma homenagem sincera e emotiva, com um tom cadenciado, introspectivo e carregado de sentimento. Um momento raro — e belo — dentro do repertório do Venom.
Outros destaques do álbum incluem as pancadarias thrash inquietantes e imprevisíveis “Acid” e “Playtime”, que soam como uma descarga elétrica em nossos crânios, e “Arachnid”, por sua vez, outro thrash metal direto ao ponto — veloz, agressivo e com solos que transbordam personalidade.
Vale ainda destacar a regravação de “Speed King”, do Deep Purple, que nada mais é do que um cover feito com respeito, mas também com a identidade do Venom, mostrando como a banda consegue adaptar clássicos sem diluí-los ou simplesmente fazer uma releitura sem alma só para cumprir tabela. Aqui, isso passa bem longe!
“Temples of Ice”, como um todo, mostra a habilidade do grupo em equilibrar peso e melodia, alternando momentos mais contidos com rajadas explosivas de velocidade. E o que mais impressiona é a forma como o álbum trafega entre o heavy, speed e thrash metal com naturalidade, mantendo sempre um senso de direção bem claro.
As guitarras estão afiadíssimas, com solos bem construídos e riffs que grudam na cabeça. A produção dá espaço para o baixo aparecer com força, contribuindo para uma base encorpada que sustenta muito bem a estrutura das faixas.
Lançado numa época em que o metal estava passando por transformações — com o grunge ganhando terreno e o thrash clássico começando a perder espaço —, “Temples of Ice” se manteve firme como uma obra coesa, empolgante e, acima de tudo, verdadeira. Mesmo longe de sua formação original, o Venom provou que ainda tinha criatividade e vontade de fazer barulho. E olha conseguiu com sobras!
Hoje, olhando em retrospecto, esse disco merece muito mais atenção do que costuma receber. É uma peça sólida, com ótimas ideias e execução caprichada, que consegue ser pesada, técnica e melódica na medida certa. Uma verdadeira pérola escondida na discografia da banda — dessas que, uma vez redescobertas, ganham um novo brilho.
Graças à Dynamo Records e à Classic Metal Records, pérolas como essa estão sendo lançadas no Brasil pela primeira vez — então nem dá pra dizer que é um relançamento por aqui. Puro ouro!