Venom – “Welcome to Hell” (1981) (Relançamento 2024)

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Venom – “Welcome to Hell” (1981) (Relançamento 2024)

NEAT | Dynamo Records
#HeavyMetal #BlackMetal #SpeedMetal #Rock

Para fãs de: Tudo o que existe de metal pesado e extremo

Texto por Matheus “Mu” Silva

Nota: 10

Relançando praticamente toda a discografia do lendário Venom, a Dynamo Records não apenas trouxe quase tudo o que a banda produziu, incluindo materiais que nunca chegaram ao Brasil ou possuem versões raríssimas em CD, como também recheou alguns desses lançamentos com bônus de itens ainda mais raros. Isso é uma grande ajuda para colecionadores, que muitas vezes se veem reféns de materiais com preços altíssimos. Esses relançamentos estão chegando com preços atrativos, super completos, permitindo ao verdadeiro fã completar sua coleção.

O ano é 1981, mais precisamente dezembro, na Inglaterra. O Black Sabbath havia se reinventado com Dio, agregando peso à sua música em “Mob Rules”, o Judas Priest estava moldando a estética do metal com “British Steel” e “Point of Entry”, enquanto o Motörhead trouxe velocidade e som no máximo com o conceito de power trio em “Ace of Spades”. A NWOBHM avançava a passos largos, mas tudo ainda parecia muito fantasioso. Faltava uma certa dose de malícia nas bandas pioneiras da época… Até que uma banda de Newcastle pegou todas as características dessas bandas, misturou tudo e adicionou o ingrediente que faltava: a personificação da rebeldia, Satã. Com uma capa relativamente simples — apenas o logo, um bode em um pentagrama, e o título “Welcome to Hell” —, o Venom virou a comunidade metal de cabeça para baixo. Parafraseando o Vulcano, “os portais do inferno se abriram”. O Venom trouxe um som sujo, pesado, e temas que cultuavam o diabo, algo pouco explorado na época. Isso fez da banda o quarto pilar que faltava na revolução que estava acontecendo na música metal: a rebeldia contra o conservadorismo. Esse elemento influenciou diretamente o que se seguiria, como o Thrash Metal, onde 10 em cada 10 músicos citavam o Venom como influência.

A faixa de abertura, “Sons of Satan”, é difícil de descrever para quem a escutou pela primeira vez. Rápida, pesada e feroz, evidencia tanto a influência do Motörhead quanto o impacto deixado para a geração seguinte. E a faixa-título, com seu riff clássico, obrigatório em qualquer banda de metal que se preze? Muitos têm como referência esse riff pelo Iron Maiden em “2 Minutes to Midnight”, mas vale lembrar que “Powerslave” saiu em 1984, e quando “Welcome to Hell” foi lançado em 1981, Bruce Dickinson tinha acabado de entrar no Maiden há menos de três meses. “Schizo”, outro clássico, “Mayhem With Mercy”, que deu origem ao nome da influente banda Mayhem, “Poison”, “Live Like an Angel” com seu refrão viciante… A veloz e clássica “Witching Hour”… As pesadíssimas “One Thousand Days in Sodom” e “Angel Dust”… O eterno hino “In League With Satan”, que ao vivo ganha ainda mais peso quando todos cantam juntos “Evil, In League With Satan!”… E, finalmente, “Red Light Fever”. Todas essas faixas compõem um verdadeiro petardo. Tudo o que está presente aqui pode ser encontrado na musicalidade de bandas que estavam nascendo na mesma época. A única palavra para descrever esse disco é “essencial”, pois ele virou a chave para a mente dos músicos da época e moldou bandas que hoje adoramos.

Nesse relançamento, a Dynamo caprichou: além dos singles lançados como compactos (“In League With Satan”, “Live Like an Angel”, “Bloodlust” e “In Nomine Satanas”), inclui a histórica demo de 1980, gravada no Impulse Studios, contendo “Sons of Satan”, “In League With Satan”, “Angel Dust”, “Live Like an Angel” e “Schizo”. Como bônus do bônus, ainda há as versões de sessão para “Angel Dust” e “Red Light Fever”, além de duas gravações de ensaios de 1979 para “Angel Dust” e “Buried Alive” (sendo que essa última só veria a luz do dia no disco seguinte). Com um total de 24 músicas, este é um item indispensável para qualquer colecionador.

“Welcome to Hell” é fundamental. Se hoje há discussões rasas como “quem é melhor, Metallica ou Megadeth?”, vale lembrar que seus dois líderes têm fotos usando camisetas do Venom quando ainda eram moleques, o que por si só já é autoexplicativo. O Venom injetou o que faltava na música metal para que ela se consolidasse em sua ideia principal: fugir do comum e exalar atitude. Um disco transgressor que cumpriu sua missão. Ainda assim, não tão grande quanto o que viria a seguir…

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