Benediction – “Dark is the Season” (1992) (Relançamento 2024)
Nuclear Blast | Shinigami Records
#OldSchoolDeathMetal
Para fãs de: Bolt Thrower, Memoriam, Gorefest
Texto por Matheus “Mu” Silva
Nota: 9,5
Relançando a discografia do Benediction no Brasil, a Shinigami Records traz desta vez o “Dark is the Season” (1992), primeiro EP da banda. Além disso, como bônus, inclui o segundo EP, “The Grotesque/Ashen Epitaph”, em um único CD. Ambos os materiais são difíceis de encontrar por aqui, o que facilita a vida dos colecionadores ao completar suas coleções, sem a necessidade de buscar versões separadas e originais que costumam custar mais do que deveriam. Assim, todo mundo sai ganhando.
O primeiro EP conta com duas faixas inéditas, um cover, uma regravação e uma faixa do álbum anterior. Já o segundo EP também possui duas faixas inéditas, além de três músicas ao vivo.
Após substituir o lendário vocalista Mark “Barney” Greenway (Napalm Death), que gravou o clássico álbum de estreia “Subconscious Terror” (1990), David Ingram trouxe novos ares ao som da banda, que já tinha “The Grand Leveller” (1991) rodando no mercado, mostrando que o Death Metal inglês tinha muito a oferecer — mesmo sendo um país mais associado ao metal tradicional e ao punk rock. Ainda assim, a produção de ambos os discos soa abafada e, até hoje, fica um tanto atrás dos lançamentos subsequentes, como é o caso deste EP.
A formação da banda continuava a mesma dos dois discos anteriores: Peter Rew (guitarra), Darren Brooks (guitarra e baixo, após a saída do baixista Paul Adams) e Ian Treacy (bateria). “Foetus Noose” é uma faixa viciante e pesadíssima, evidenciando o amadurecimento musical da banda, além de prenunciar o impacto que isso teria no clássico álbum “Transcend the Rubicon” (1993), com este EP soando como uma versão mais crua do que estava por vir. Na sequência, temos um cover matador de “Forged in Fire”, do Anvil, que ganhou mais peso na releitura, conseguindo melhorar uma música que já era excelente em sua versão original. A faixa-título traz toda a maldade do Death Metal dos anos 90, com partes arrastadas que ganham velocidade e peso de forma crescente e coesa. O EP ainda inclui, como uma espécie de “bônus”, uma das melhores faixas de “The Grand Leveller”, “Jumping at Shadows”, com seu inconfundível início de baixo e uma atmosfera carregada. Para finalizar, uma regravação de “Experimental Stage”, do álbum de estreia “Subconscious Terror” (1990), que aqui ganha uma produção mais polida, além dos vocais de Ingram soarem mais adequados à música.
O fato de o relançamento incluir o EP “The Grotesque/Ashen Epitaph” (1994) mostra o quanto “Transcend the Rubicon” trouxe a evolução necessária ao som da banda. As faixas “Ashen Epitaph” e “The Grotesque” ganharam videoclipes, o que ajudou muito na divulgação da banda durante os anos 90. Eu mesmo conheci o Benediction através do clipe de “Ashen Epitaph”; foi preciso apenas ouvir o riff inicial e o primeiro urro de Ingram para me apaixonar. “Ashen Epitaph” é calcada no som que o Benediction já havia consolidado e se tornou um clássico, embora seja raramente tocada ao vivo. Por outro lado, “The Grotesque”, que apelidei de “Painkiller do Death Metal” devido à sua introdução icônica na bateria, é mais frequente nos shows e, sem dúvida, uma das melhores músicas da banda, cheia de pegada, com Ingram fazendo seus famosos “soluços”, claramente influenciado pelo progenitor do Death Metal, Tom Warrior (Celtic Frost).
Além das duas faixas de estúdio, o EP inclui três faixas ao vivo gravadas em um evento privado, apresentando o novo baterista Paul Brookes, que também gravou as músicas novas: “Violation Domain”, de “Transcend the Rubicon” (1993), “Subconscious Terror”, e “Visions in the Shroud”, de “The Grand Leveller” (1991). Contudo, a passagem de Brookes pela banda foi curta, pois no álbum seguinte, “The Dreams You Dread” (1995), o baterista Neil Hutton foi efetivado e permaneceu por vários anos.
Em um pacote que mostra o antes e depois de um clássico, “Dark is the Season” e “The Grotesque/Ashen Epitaph” demonstram como o Benediction evoluiu para melhor, cimentando seu nome na história do Death Metal, com uma reputação e influência dignas de um grande nome do gênero. Item mais que obrigatório!