Black Sabbath – “Headless Cross” (1989)
I.R.S. Records
#HeavyMetal
Para fãs de: Tony Iommi, Tony Martin, Cozy Powell
Nota: 9,0
“Este é o disco mais importante da história do Black Sabbath e o primeiro em anos a se parecer com um disco do Sabbath”, disse Tony Iommi em 1989. Faz sentido. Um ano antes, assinar com a tímida I.R.S. Records de Miles Copeland após o fim de um contrato de duas décadas com a Warner Brothers inaugurou uma nova fase para a banda. Seria o fim de um ciclo de mais de dez anos de más decisões administrativas e, esperançosamente, a formação do grupo pararia de mudar como o clima.
O que mais seduziu Iommi no discurso de Copeland, no entanto, foi a promessa de prioridade máxima e total liberdade artística – “você compõe; eu lanço”, coisa que não rolava sob o abarrotado manto da Warner. A tinta ainda estava secando no papel quando o guitarrista e o batera Cozy Powell (ex-Rainbow) começaram a compor o material que se tornaria “Headless Cross”. Tony Martin, que em “The Eternal Idol” (1987) somente cantara por cima do que a banda já havia registrado previamente com Ray Gillen, estaria, agora, encarregado de escrever as letras.
Deixar as letras a cargo de Martin resultou no maior apanhado de versos apócrifos e ocultistas já presente num disco do Sabbath. Apesar de não ser conceitual, em “Headless Cross” prevalece uma temática provocadora; às vezes, exageradamente satânica, mas, sobretudo, de alto teor literário. A faixa que dá nome ao álbum, por exemplo, remonta aos tempos da peste na idade média (“there’s no escaping from the power of Satan”). Em “Black Moon”, o cramulhão volta a dar as caras: “an angel of hell is rising, heaven’s no friend of mine”, diz a letra.
“Headless Cross” foi gravado entre agosto e novembro de 1988 no Woodcray Studios, numa pequena fazenda em Berkshire, a pouco mais de 80 km de Londres. Além dos Tonys e de Cozy, participam do álbum o baixista Laurence Cottle, que Iommi chama erroneamente de Larry em sua autobiografia “Iron Man” e cuja estada no Sabbath resume-se a isso e à sua participação quase imperceptível no clipe da faixa título, e o tecladista Geoff Nicholls. Brian May, do Queen, é quem toca o solo de “When Death Calls” – única vez em que outro guitarrista que não Iommi toca em um disco do Sabbath. Conversas sobre uma possível volta de Geezer Butler tiveram fim quando o baixista aceitou o convite para participar da banda de Ozzy Osbourne.
E esse não foi o único contratempo ao Sabbath involuntariamente provocado pelo seu ex-vocalista: para evitar lançar canções com mesmo nome que outras lançadas por Ozzy em “No Rest for the Wicked” (1988), Iommi teve de rebatizar “Hero” como “Call of the Wild” e “Devil’s Daughter” – curiosamente, um ataque à Sharon Osbourne e seu pai, Don Arden – como “Devil and Daughter”.
Alcançando a 31ª posição nas paradas britânicas, “Headless Cross” tornou-se o maior álbum que o Sabbath teve na Europa. Aproveite que hoje é o seu aniversário de 30 anos para ouvi-lo e comprovar o aquilo que dizem os especialistas: este é o melhor trabalho da banda sem Ozzy e sem Dio.
Marcelo Vieira