“Sejam todos humildes uns para com os outros, porque Deus se opõe aos orgulhosos, mas concede graça aos humildes”, diz o capítulo 5 do 1º Livro de Pedro na Bíblia Sagrada. Num passado não muito distante, uma recusa de entrevista sob o argumento de “seu veículo não possui relevância” abalou em caráter permanente a relação — ou a possibilidade de uma — entre Michael Sweet, vocalista do Stryper, e o Metal Na Lata. Isso após todo o trabalho da equipe do site na divulgação do então recém-lançado “God Damn Evil” — a resenha do disco é até hoje um dos textos de maior acesso da história do site — e de notícias relacionadas tanto ao Stryper quanto à carreira solo de Michael. A entrevista que vocês lerão a seguir seria originalmente publicada em outro veículo, que se recusou a fazê-lo bem como se recusou a cobrir a vindoura passagem do Stryper pelo Brasil por razões que não cabem aqui a menção. Para que o conteúdo não fosse relegado ao esquecimento e o meu esforço de repórter fosse perdido, o Metal Na Lata, apesar de ter todos os motivos para não fazê-lo, abriu o espaço para a publicação deste bate-papo realizado no final de agosto. “Embora esteja nas alturas, o Senhor de longe reconhece os arrogantes.” A diferença é que Deus perdoa, e o Metal Na Lata, não. Eu ouvi um amém? Boa leitura!
Por Marcelo Vieira
Fotos: Divulgação
Metal Na Lata: No vídeo “Stryper Renewed”, você afirma que a banda está com paixão, energia, criatividade, alegria e fé renovadas. Qual é o segredo para manter as coisas sempre novas e quais dessas “renovações” podemos vincular à entrada de Perry Richardson (ex-Firehouse) na banda? Como é tê-lo a bordo?
Michael Sweet: O segredo é a paz. Manter a paz dentro da banda e retê-la. Perry nos ajudou a recuperar isso. Ele é um cara incrivelmente doce e cheio de alegria. Somos muito abençoados por tê-lo conosco.
Metal Na Lata: O objetivo da presente turnê é celebrar a história da banda e prestar homenagem a grupos cujo trabalho influenciou o Stryper. Foi difícil escolher as músicas para o setlist? O que foi levado em consideração? A inclusão de “All She Wrote” do Firehouse pode ser considerada uma pista de que outras músicas do Firehouse poderão algum dia ser incluídas?
Michael Sweet: Não é difícil escolher as músicas para um setlist. Baseei-me na duração do show, incluindo tanto os clássicos quanto músicas mais recentes, nossa resistência física — por quanto tempo aguentamos tocar — e o que os fãs querem ouvir também. Planejamos adicionar mais músicas do Firehouse futuramente.
Metal Na Lata: Quando “Take It to the Cross” foi lançada como primeira prévia do álbum “God Damn Evil”, muitas pessoas — incluindo eu — acharam-na muito diferente do que estávamos acostumados a ouvir do Stryper. No fim das contas, foi o único ponto fora da curva em um álbum que só melhora conforme você vai ouvindo — atualmente está entre os meus favoritos da banda! “Take It to the Cross” foi um tipo de teste de novas experiências que vocês estão pensando em fazer nos próximos álbuns? Lançá-la como primeira prévia foi proposital? E quanto ao feedback do público?
Michael Sweet: As opiniões variam. Os fãs amam ou odeiam, sem um meio-termo. Eu, particularmente, adoro e gostaria de fazer mais músicas semelhantes a “Take It to the Cross” no futuro.
Metal Na Lata: Com o tempo, as letras do Stryper ultrapassaram o viés cristão e passaram a abordar problemas contemporâneos e coisas que não estão necessariamente ligadas à fé. Você acha que essa abertura em termos de proposta pode ajudar a fazer com que o som da banda alcance um público que normalmente não alcançaria? É um movimento consciente ou você o vê como uma “evolução” em sua maneira de trabalhar?
Michael Sweet: Tento escrever a partir de experiências e situações pessoais pelas quais passei, com a esperança de incentivar e inspirar quem está ouvindo. Espero que esteja dando certo!
Metal Na Lata: Falando em “maneira de trabalhar”, quando você se senta para compor, primeiro pensa: “Vou compor uma para o Stryper” ou “Vou compor uma para minha carreira solo” ou essa decisão só é tomada após composta a música?
Michael Sweet: Realmente não há um plano prévio quando componho. Apenas me sento e começo a compor com a meta de concluir uma música por dia. Após 12 dias, tenho 12 músicas. É um processo muito simples e fácil nos dias de hoje.
Metal Na Lata: Você recentemente postou no Instagram que “Yahweh” é a sua música favorita do Stryper de todos os tempos e também forneceu aos seus seguidores uma lista das onze melhores músicas do Stryper na sua opinião. Quais seriam, então, as músicas não favoritas, tanto do Stryper quanto da sua carreira solo? Deve haver alguns que você acha que pecam em algo em comparação com outros, certo?
Michael Sweet: Do Stryper são “Together Forever”, “Come to Everlife”, “The Reign” e todas do álbum “Against the Law” exceto “Two Bodies (One Mind, One Soul)”, “Lady”, “Caught in the Middle” e “All for One”. Da minha carreira solo, “Ain’t no Safe Way” e “Baby Doll”.
Metal Na Lata: Os últimos anos foram de muito trabalho e há mais por vir. O que você pode antecipar sobre o seu novo álbum solo, “Ten”?
Michael Sweet: É a continuação perfeita para “One Sided War”. É um disco de metal tradicional e estou muito orgulhoso dele. Os solos de guitarra estão acima da média e sinto-me muito honrado por ter tantas participações especiais!
Metal Na Lata: Muitas pessoas consideram “Against the Law” o grande ponto de interrogação na discografia da banda. Como o próximo ano marca o 30º aniversário de seu lançamento, eu gostaria que você olhasse para trás e fizesse uma avaliação do álbum e desse período em particular. Por mais dissonante que possa ser em alguns aspectos, é um álbum de tremenda qualidade musical.
Michael Sweet: Nós mudamos tudo nesse álbum. O tom, o estilo musical, a aparência, a mensagem. Deveríamos tê-lo lançado com um nome diferente. É o álbum do Stryper que menos gosto. Eu nunca o escuto. Acredito que todos os nossos álbuns posteriores o ofuscam em todos os aspectos.
Metal Na Lata: No Brasil, parte da fama do Stryper se deve à inclusão de “I Believe in You” em uma trilha sonora de novela no final dos anos 1980. O Stryper tem essa particularidade em algum outro país, tendo sido apresentado a um grande público de maneira tão pouco convencional?
Michael Sweet: Definitivamente, não. Nós nunca soubemos o quão popular era essa música até a nossa primeira vez no Brasil. É incrível de se ver e de se ouvir. Fico muito feliz que os fãs gostem!
Metal Na Lata: Tendo vindo ao Brasil tantas vezes, você possivelmente formulou um perfil do fã brasileiro. Como descreveria o público daqui?
Michael Sweet: Apaixonado e cheio de energia. É algo eletrizante. Adoramos nossos fãs brasileiros e mal podemos esperar para viver essa experiência novamente!
Metal Na Lata: Vocês oferecem a opção de meet & greet em quase todos os shows. É um investimento alto que pode render uma experiência verdadeiramente inesquecível para o fã. Em comparação com o que muitas bandas oferecem, como o Stryper faz valer cada centavo investido?
Michael Sweet: Nosso objetivo é tornar a experiência especial e pessoal. Queremos que os fãs sintam que nos conheceram de verdade durante o M&G. Nós ficamos o máximo de tempo possível e não medimos esforços para tornar tudo inesquecível.
Metal Na Lata: O que você acha da denominação “White Metal”? Limitada? Necessária? Você não se importa? E em qual categoria você classifica o som Stryper?
Michael Sweet: Eu odeio rótulos. Acho-os uma tremenda bobeira, pois limitam o que você está tentando fazer. Somos uma banda de metal, ponto. Nem mais nem menos.
Metal Na Lata: Percebo no meu convívio com pessoas que não seguem nenhuma fé ou culto que uma de suas queixas é sobre os “líderes” cujo discurso parece muito fajuto e/ou pouco empático. Você concorda que ainda hoje há falta de tato e subsequente falta de comunicação entre os líderes religiosos e a pessoa comum? Quais ferramentas ou mudanças de abordagem você acredita que seriam eficazes para combater isso?
Michael Sweet: Para ser sincero, não presto muita atenção nisso. Tento eu mesmo ser um exemplo e uma luz na escuridão e focar no meu chamado específico. O resto é com Deus.
Metal Na Lata: Geralmente, na minha última pergunta, peço aos meus entrevistados que enviem uma mensagem aos fãs do Brasil. Mas como o entrevistado é você, gostaria de encerrar com uma mensagem de positividade — a palavra de alguém cuja fé e música inspiram tantas pessoas no Brasil e no mundo. O púlpito é todo seu, Michael!
Michael Sweet: Oro para que todos continuem focados no que Deus planejou para cada um. Ele oferece o melhor. A Bíblia tem todas as respostas para todas as perguntas que temos. Que Deus abençoe o povo do Brasil e os faça saber o quanto vocês são amados.
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