Go Ahead and Die – “Unhealthy Mechanisms” (2023)
Nuclear Blast | Shinigami Records
#ThrashMetal #DeathMetal #GrooveMetal
Para fãs de Sepultura (antigo), Slayer, Celtic Frost, Possessed, Exodus
Texto por Ricardo Leite Costa
Nota: 10
Digam o que quiserem, mas a verdade é incontestável: Max Cavalera é um dos músicos mais prolíficos e criativos da história da música pesada. O cara nasceu para isso! É o arquétipo do tiozão headbanger old school, e sua mais nova empreitada, o Go Ahead And Die (aliás, um nome de banda sensacional), traduz na mais perfeita válvula de escape para suas incursões mais tradicionais, digamos assim.
O Go Ahead and Die, ao contrário do Soulfly, por exemplo, foge das experimentações da musicalidade nativa, dos instrumentos de percussão e dos cânticos shamânicos para criar uma atmosfera mística, ancestral, ou algo que o valha. Aqui, o que tem local de fala é o Metal extremo tradicional na essência e fiel aos requisitos daquela sonoridade oitentista clássica e maldita.
“Unhealthy Mechanisms”, segundo álbum da banda lançado em outubro de 2023, é um genuíno passeio à gênese, aos primórdios, do Thrash e do Death Metal, pinçando e atrelando elementos de ambos na concepção de sua sonoridade, além de resquícios de Black Metal, HC e até um bom e salutar groove para deixar tudo ainda mais pesado.
Com tudo isso muito bem definido e encaixado, Max se amparou em uma banda minimalista e extremamente eficiente em sua proposta, composta por seu filho Igor Amadeus Cavalera (guitarra/baixo/vocal) e Johnny Valles (bateria) e deu vida a uma das bandas mais legais e empolgantes dos últimos tempos. Arrisco a dizer até que o GAAD (vamos chamar assim para facilitar e evitar a fadiga) é sua melhor banda desde a fase áurea do Sepultura (pelo menos na opinião desse humilde redator, se é que ela vale de algo).
“Unhealthy Mechanisms” é puro deleite nostálgico. É pesado, visceral, inflamado, contundente, aviltante, enfim, não há adjetivos suficientes para definir o disco em toda sua hecatombe sonora. Imagine uma colisão frontal entre Celtic Frost e Possessed, onde o Slayer e o Sepultura original fossem as vítimas fatais? Pois bem, diante desses parâmetros, me diga se tem como dar errado?
Uma genuína devastação surge com “Desert Carnage”, um início mais que arrebatador numa faixa violentíssima, rápida, suja, onde a banda evidencia todo seu poderio. A aniquilação é sistemática e conduzida em escala industrial, por isso, “Split Scalp”, apesar de um pouco mais contida que a anterior, mantém os ânimos em ebulição.
Em meio aos destaques, “Drug-O-Cop”, além de ser uma das melhores composições do álbum, vem representada num videoclipe que, tranquilamente, é uma das melhores obras audiovisuais da história da música pesada recente (Assista! É impagável), com seu riff inicial e boa parte da estrutura rítmica remetendo a “Caught in a Mosh” do Anthrax. “M.D.A. (Most Dangerous Animal) também deve ser salientada como um episódio de brutalidade quase palpável. Simplesmente atordoante!
O Go Ahead and Die surgiu de forma despretensiosa, lançando dois álbuns sensacionais e mantendo o nome de seu fundador em evidência. Torno a dizer: é o melhor trabalho de Max em muito tempo. Música simples, sem firulas desnecessárias, instigante e intensa! Que esse seja apenas o segundo passo numa longa estrada rumo a uma sólida e frutífera carreira!