Mr. Big + Sebastian Bach + Jelusick – Vivo Rio, Rio de Janeiro/RJ (28/04/2024)

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Mr. Big + Sebastian Bach + Jelusick – Vivo Rio, Rio de Janeiro/RJ (28/04/2024)

Produção: Rider2

Texto por João Paulo Gomes
Fotos por Alessandro Celano Garcia e Leonardo Melo

O Summer Breeze teve sua segunda edição realizada em São Paulo e os veteranos do Hard Rock, Sebastian Bach e Mr. Big, deram uma passada na Cidade Maravilhosa para uma única apresentação, matando a saudade dos fãs ávidos por mais shows de Rock na Cidade. Com a adição do novato Jelusick como banda de abertura, eles proporcionaram uma noite mais do que especial no último domingo (28/04) no Vivo Rio.

JELUSICK

O músico croata Dino Jelusick entrou no palco às 20:00 para surpresa de uma parte do pequeno público presente. Como sua presença foi anunciada nos dias mais próximos ao show, nem todos ficaram sabendo e por isso o público ainda era pequeno naquele momento.

Independentemente do tamanho do público, a banda (Ivan Keller na guitarra, Luka Broderick no baixo e Mario Lepoglavec na bateria e o próprio Jelusick nos vocais e teclados) apresentou um Hard/Heavy intenso e enérgico, agradando ao público presente.

Conhecido por participar de bandas como Animal Drive, Trans-Siberian Orchestra, Dirty Shirley e Whitesnake, Jelusick, em sua curta apresentação, tocou músicas de sua, ainda curta carreira, e de seu último álbum “Follow The Blind Man” como: “Reign of Vultures”, “Acid Rain”, “The Healer”, “The Great Divide”, “Animal Inside” e “Fly High Again”.

SEBASTIAN BACH

Com a casa muito mais cheia Sebastian Bach foi o próximo a adentrar o palco e foi ovacionado do início ao fim. Ávido pela volta do vocalista ao Rio de Janeiro o público acompanhou cada música de um setlist de um pouco mais de uma hora calcado nos grandes clássicos do Skid Row, além de algumas surpresas.

Contando com Brent Woods na guitarra, Clay Eubank no baixo e Andy Sanesi na bateria, Sebastian Bach, o qual o público intimamente chamava de “Tião” em uníssono durante vários momentos, iniciou a noite com uma de suas novas músicas “What Do I Got To Lose”, apenas para preparar o público para a sequência que viria a seguir.

“Big Guns”, “Sweet Little Sister”, “Here I Am”, “18 And Life” e “Piece Of Me” levantaram a plateia e a deixaram na mão de Bach durante o restante do setlist no qual ele brincou de falar português em diversas vezes e ainda brindou o público com partes de canções como “Copacabana” de Barry Manilow e “December, 1963 (Oh, What a Night)” de Frankie Valli and The Four Seasons.

Mas o show não parou por aí. “Everybody Bleeds” (mais uma música nova), “Slave to the Grind” (que tinha ao fundo do palco a capa do álbum em uma homenagem ao seu falecido pai, David Bierk, que a pintou), “Rattlesnake Shake” (que teve problemas de som e um solo de bateria quase improvisado até que o problema fosse resolvido e então foi tocada íntegra), o petardo “The Threat”, “American Metalhead” (Painmuseum), que ganhou o apelido de “Brazilian Metalhead” do próprio Bach, a ótima “Monkey Business” que ficou melhor ainda como uma medley com “Tom Sawyer” (Rush), “Wasted Time”, em curta versão a capella, e o gran finale que contou com “I Remember You”, no qual Bach homenageou grandes figuras que já partiram como Eddie Van Halen (Van Halen), Neil Peart (Rush), Joey Ramone (Ramones), além de vários outros e a arrepiante simbiose entre artista e público na fantástica “Youth Gone Wild”. Passando por cima do cansaço, da idade e de décadas de abuso vocal, Sebastian Bach mostrou que do alto dos seus 56 anos ainda tem muito carisma, simpatia e lenha para queimar. Os tais problemas vocais que tantos falam, nesta noite em particular, foram muito pequenos perto de toda a emoção que ele proporcionou ao público presente.

Mr. Big

A cada performance da noite a responsabilidade aumentava para quem ainda não havia entrado palco.

Mas a principal atração da noite, contava com figuras lendárias do estilo (Eric Martin (vocais), Paul Gilbert (guitarra) e Billy Sheehan (baixo)) que não estavam para brincadeira. Acompanhados do excepcional Nick D’Virgilio (Big Big Train, Spock’s Beard), na bateria, eles entregaram o melhor show da noite.

Em sua turnê de despedida (?) “The Big Finish”, a banda apresentou um setlist maior do que o do Summer Breeze (tocando o “Lean Into It” na íntegra e mais algumas excepcionais canções).

Em uma sequência de tirar o pouco fôlego que ainda restava do público a banda o bombardeou com os clássicos: “Addicted to That Rush”, “Take Cover” em homenagem ao baterista original Pat Torpey falecido em 2018, “Price You Gotta Pay”, “Daddy, Brother, Lover, Little Boy (The Electric Drill Song)”, as furadeiras nunca podem faltar, “Alive and Kickin’”, “Green-Tinted Sixties Mind” e “CDFF-Lucky This Time”, não apenas neste momento, mas este é um dos exemplos nos quais Billy Sheehan mostra porque ele é Billy Sheehan.

O show do Mr. Big normalmente é mais de admiração ao trabalho executado pelos músicos (já que eles são mais do que excepcionais) do que propriamente aquela catarse que muitas vezes aconteceu durante a performance de Sebastian Bach, mas a sintonia dos quatro no palco, a relação com o público e a entrega nas performances, além de todo a perfeição do trabalho executado, foram ingredientes tão especiais que o público se viu envolvido de uma forma que em vários momentos era possível ver pessoas em êxtase.

Depois de “Voodoo Kiss” e “Never Say Never”, foi a vez de “Just Take My Heart” com a brilhante introdução de Paul Gilbert, trazer certa calmaria para a plateia.

“My Kinda Woman”, “Little to Lose” e “Road to Ruin” reacendem o pavio antes do clássico dos clássicos “To Be With You”, quando Eric Martin apresentou seus companheiros para receberem todo o carinho do público, ser tocado e ser logo seguido por “Wild World” (Cat Stevens).

Chega a hora do sensacional solo de Paul Gilbert em que ele cria um medley com “Gonna Fly Now” (Bill Conti), tema de Rocky Balboa, e ainda emenda com “Nothing but Love”. Soberbo!

É hora de mais um petardo e “Colorado Bulldog” é a canção da vez antecedendo ao solo provocante e lindamente executado de Billy Sheehan seguido de “Shy Boy” (David Lee Roth).

Chegando ao fim do show temos os famosos covers da banda: “30 Days in the Hole” (Humble Pie), “Good Lovin’” (The Olympics), quando há a troca dos instrumentos (Sheehan assumiu os vocais, D’Virgilio a guitarra, Eric passou para o baixo e Gilbert encarou a bateria) e “Baba O’Riley” (The Who) com Gilbert simulando os teclados na guitarra.

A idade chega para todos nós e para os músicos não é diferente principalmente para os vocalistas. Mas é notável o trabalho de Eric Martin. Ciente de suas atuais limitações ele administrou o show da melhor forma possível e contou com a ajuda do público em diversos momentos fazendo com que algo que pudesse ser uma limitação se transformasse em uma ferramenta de encantamento.

Sheehan e Gilbert são um show à parte. Dois dos maiores de todos os tempos, eles demonstram suas habilidades instrumentais a ponto de hipnotizar o público e elevar seus instrumentos a protagonistas das canções. Mas vale lembrar que tudo na medida certa, sempre em prol da música.

Se esse tiver sido o último show do Mr. Big, a banda fará muita falta, mas com certeza terá marcado a vida do “melhor público de rock’n’roll de todos os tempos”, como disse Eric Martin, durante suas performances mágicas.

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