Mr. Big – “Ten” (2024)
Frontiers Music | Shinigami Records
#HardRock #BluesRock #MelodicRock
Para fãs de: Winger, The Winery Dogs, Thunder
Texto por João Paulo Gomes
Nota: 8,5
Depois de mais de três décadas, o Mr. Big escreve o suposto capítulo final de sua prolífica carreira com seu décimo álbum intitulado “Ten”. Contando com o veterano e excepcional Nick D’Virgilio (Genesis, Tears for Fears, Sheryl Crow, Peter Gabriel, Big Big Train, Spock’s Beard) nas baquetas (Jay Ruston divide a produção com a banda), Eric Martin (vocais: Eric Martin Band, TMG, Solo), Paul Gilbert (guitarra: Racer X, Solo) e Billy Sheehan (baixo: Talas, David Lee Roth, The Winery Dogs, Solo) optaram por manter a musicalidade pela qual ficaram conhecidos do início ao fim do novo álbum, em vez de cair no marasmo ou na melancolia de uma despedida.
Essa musicalidade já pode ser percebida na viciante “Good Luck Trying” que abre o álbum, fugindo das armadilhas e pintando uma paisagem com tons e cores de Blues Rock, misturando Free, Led Zeppelin, Deep Purple e Hendrix no mesmo caldeirão, mas soando inconfundivelmente como Mr. Big.
Eric Martin afirmou que “o novo álbum não copia nada dos nove álbuns anteriores”. Isso está um pouco longe de ser totalmente verdade, mas o que impressiona, além da qualidade excepcional dos músicos, é a maneira como cada canção combina tão bem na sequência de “Ten”. Seja o estilo árabe da exótica “Right Outta Here”, o cativante rock melódico tão conhecido da banda na excelente e requintada “I Am You”, a balada magistral e reflexiva “The Frame” ou a diversão brilhante de “Up On You” (que caberia facilmente em “Lean Into It”), o álbum foge do óbvio. Inclui ainda como música bônus um cover de “8 Days On The Road”, gravado originalmente por Howard Tate, depois por Aretha Franklin e finalmente por Foghat, e que conta com Sheehan nos vocais.
Falar dos músicos é “chover no molhado”, mas em um episódio recente do podcast “Word In Your Ear”, os apresentadores David Hepworth e Mark Ellen debateram o fato de que bandas de hard rock modernas poderiam tocar melhor do que suas contrapartes do passado. Sem querer discordar dos dois, na minha humilde opinião, nunca houve uma banda de hard rock com integrantes tão escandalosamente talentosos quanto os lendários integrantes do Mr. Big.
Apesar de “Ten” ser o melhor álbum desde o retorno da formação original, fica a torcida para que não seja realmente o canto do cisne da história desta banda tão importante. Mas se for, é uma despedida digna de um dos gigantes do hard rock.
Aproveito para agradecer por todas as décadas de melodias, harmonias, refrãos, licks, riffs, solos, furadeiras, grooves, funk, rock, soul, blues e canções tão inspiradoras e autênticas.