Pretty Boy Floyd – “Public Enemies” (2017)
Frontiers Music
#HardRock, #GlamMetal, #HairMetal
Para fãs de: Bulletboys, Faster Pussycat, L.A. Guns
Nota: 8,5
Certas histórias, se não fossem reais, seriam difíceis de acreditar. É o caso da trajetória meteórica do Pretty Boy Floyd no alvorecer dos anos 1990, quando “Leather Boyz With Electric Toyz” consistiu numa aposta milionária da MCA Records. Álbum de estreia com produção de Howard Benson — ainda um nome em ascensão, mas já responsável por um clássico cult, “Psycho Café”, do Bang Tango —, dois clipes na programação da MTV, matéria de capa da Kerrang!… O futuro cintilava para Steve Podwalski e Chris Maggiore, codinomes Steve “Sex” Summers e Kristy “Krash” Majors, até levarem um pé na bunda sem precedentes e verem como única saída dar por encerradas as atividades da banda.
Nas mais de duas décadas que se seguiram, o mercado foi tomado de assalto por coletâneas de demos, sobras, regravações e tudo mais que pudesse ser convertido em alguns trocados para quem quer que fosse. A despeito de conterem basicamente material que não faria a menor diferença caso permanecesse esquecido no fundo de uma gaveta, os CDs serviram para reacender um interesse no PBF, que acabaria tornando reuniões esporádicas uma praxe e, finalmente, levariam o grupo a assinar com a Frontiers para o que consistiu num dos lançamentos mais aguardados pelos fãs do segundo escalão do Glam Metal.
“Public Enemies” é exatamente aquilo que se pode esperar de uma banda veterana da Sunset Strip cuja filosofia de vida consistia em basicamente beber e trepar, contando sempre com a geladeira e a higiene alheias. Um álbum divertido, quase que terapêutico, que irá ajudar você a se esquecer momentaneamente dos problemas e deixar as preocupações de lado por cerca de quarenta minutos; assim como o café provê a energia necessária para despertar e aguentar o batente, “Public Enemies” proporciona aquele escapezinho fundamental, aquela saidinha de banheiro no meio da balada, aquela injeçãozinha de ânimo que faz você encarar o mundo, as filas, os chefes com um sorriso no rosto.
Por mais peculiar que seja ouvir um vocalista beirando os cinquenta cantando sobre a “High School Queen” ou assinando sem o menor constrangimento uma letra ginasiana como a de “Girls All Over The World”, lembremo-nos sempre de que a magia do Hard Rock reside justamente nesse lance atemporal, nessa galera Peter Pan que não vai à padaria sem o lápis de olho e contradiz em parte a máxima apresentada na sexta canção de “Public Enemies”, “We Can’t Bring Back Yesterday”. Será que não mesmo?
Marcelo Vieira