Soilwork – “Övergivenheten” (2022)
Nuclear Blast | Shinigami Records
#DeathMetal, #MelodicDeathMetal, #HeavyMetal
Para fãs de: In Flames, The Hallo Effect, Dark Tranquility
Nota: 8,0
Confesso que depois de “Stabbing the Drama” (2002), o Soilwork só voltou a chamar minha atenção em 2015 com “The Ride Majestic” (2015), que foi uma espécie de retomada daquela sonoridade mais direta e raiz da banda, remetendo aos trabalhos mais antigos. Você pode pensar que eu acabei julgando a banda de forma errada, pois ainda que não tivesse acontecido uma mudança radical em sua sonoridade, a diversificação das composições e muitas linhas seguidas pelo grupo me fizeram perder o interesse, mesmo que a qualidade tenha se mantido intacta. No entanto, aqui em “Övergivenheten”, que em sueco significa “O Abandono”, o grupo investe novamente em sonoridades mais complexas e até certo ponto, difíceis de assimilar num primeiro momento. Isso faz dele um trabalho ruim? Não. Definitivamente, não. Mas não é em uma primeira audição que você conseguirá entender o conceito por trás desse direcionamento musical.
A verdade é que o grupo sueco composto por Björn “Speed” Strid (vocal), Sylvain Couldret (guitarra), David Andersson (guitarra), Rasmus Ehrnborn (baixo), Bastian Thusgaard (bateria) e Sven Karlsson (teclados) nunca foi um grupo estático, que buscou acomodar-se dentro do estilo. Sem se prender a rótulos que venham a limitar sua criatividade, o sexteto explora muito mais do que o death metal melódico que o consagrou de forma =consistente anteriormente.
A faixa título abre o álbum com uma introdução bastante introspectiva, mas logo ganha ares de metal melódico (sim, metal melódico), ainda que tenha um peso acima da média se comparada as bandas do estilo citado. Strid continua se mostrando um vocalista excepcional e sem nenhuma dúvida, é o grande destaque do trabalho. Mas, “Nous Somme La Guerre”, a faixa que vem na sequência, poderia facilmente estar no repertório do The Night Flight Orchestra que ninguém perceberia a diferença. Mesmo que durante sua execução a composição ganhe um acompanhamento de guitarras, ela destoa bastante do que o Soilwork sempre fez.
De forma geral, a partir daqui, o álbum tem faixas bem variadas e que navegam por muitos estilos, sem se prender especificamente a nenhum. Exemplos? “Electric Again”, “Is It in Your Darkness” e This Godless Universe”, verdadeiras porradas no ouvido, com peso, velocidade e blast beats em algumas passagens, remetendo aos primórdios da banda, as melódicas “Valleys of Gloam” e “Death, I Hear You Calling”, “Dreams of Nowhere”, e a longa e variada “On The Wings of a Goddess Through Flaming Sheets of Pain”, uma composição “prog melodic death metal”, que encerra o trabalho.
Longe de ser um álbum ruim, “Övergivenheten” é um trabalho que precisa ser ouvido algumas vezes para ser percebido em sua totalidade. Faça isso e você irá (re)descobrir uma banda de raro talento nos dias atuais.
Sergiomar Menezes