Warrel Dane – “Shadow Work” (2018)

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Warrel Dane – “Shadow Work” (2018)
Century Media Records | Valhall Music
#GrooveMetal#DarkMetal#ModernThrashMetal#TechnicalThrashMetal

Para fãs de: NevermoreJeff LoomisSanctuaryCommunicControl Denied

Nota: 10

Incrível como artistas influenciam (positivamente e negativamente) seus fãs. Por isso eu sempre digo que quem tem a arte como principal atividade tem e DEVE se preocupar com o que passa, pois seus fãs não só podem vir a idolatrá-lo por conta de seus trabalhos e conduta fora dos palcos, como também a odiá-lo por conta de suas ideologias e pregações. No caso de Warrel, o cara era além de um ser humano totalmente do bem, era humilde, simpático, dedicado, amigo, honesto, educado e amava muito a música e seus fãs/amigos. Só quem o conhecia sabe de tudo isso e se influenciava por ele. Uma pena que não se cuidava como devia culminando na sua morte prematura e que sempre será sentida por todos nós, pois o gogó e a inteligência desse cara eram algo fora do normal.

Um poeta do metal, denso, crítico, emotivo, duro, seco, mas o melhor de tudo, honesto e correto. Suas letras e melodias eram e sempre serão fora da curva, daquelas que entram pelos nossos ouvidos, passam pelo nosso coração, engradecem a nossa alma e se fincam em nossa mente.

Em “Shadow Work” isso tudo dito acima aparece em doses cavalares, pois estamos diante de uma obra prima dos tempos modernos. Não, não é um exagero meu, e quando vocês ouvirem, lerem as letras e sentirem o álbum, vão concordar comigo.

No início do projeto, “Shadow Work” era para ser somente um álbum de covers, mas foi ganhando tanta alma e tamanho que passou a ser um trabalho totalmente inédito como segundo álbum solo do cantor. Como Warrel adorava nosso país, vinha sempre para cá que “praticamente” morava aqui, e nada mais normal que ter uma banda com quatro brasileiros, pois o cara tinha uma facilidade enorme em fazer amizades. E que banda, meus caros! Junto com Warrel, Johnny Moraes e Thiago Oliveira (guitarras), Fabio Carito (baixo) e Marcus Dotta (bateria) simplesmente deram uma aula em “Shadow Work”, não só em peso, composições, melodias, energia, sentimento e técnica, mas também de tirar leite de pedra após o triste ocorrido no meio das gravações.

Se você fechar os olhos vai achar que o Nevermore voltou com tudo! É incrível o trabalho de guitarras, bateria e baixo e vozes aqui. Um peso descomunal, aliado a um sentimento quase que soturno, que nos remetem rapidamente aos álbuns mais clássicos da banda por conta da excepcional produção de Wagner Meirinho, moderna, atual e cristalina.

Era para termos pelo menos umas 15 faixas nesse álbum, mas o destino quis que tivéssemos, infelizmente, apenas 8 , sendo que a primeira, “Ethereal Blessing” é uma introdução bem climática e de enorme bom gosto lembrando vagamente ambiências do Black Sabbath. Daí em diante, o pau come! “Madame Satan” explode “Nevermore” dos últimos e derradeiros álbuns nos auto-falantes, com aquele peso brutalmente técnico e dissonante!

É óbvia a comparação com o Nevermore por todo o álbum, e pra mim “Shadow Work” briga de igual por igual com “Dead Heart In A Dead World”, clássico absoluto de 2000.

A super técnica, cheia de influências climáticas progressivas “Disconnection System”, primeiro single divulgado, vem na sequência nos remetendo a quem mesmo? Sim, Nevermore. Para aqueles que pensam besteira como “Ah, os caras quiseram se promover em cima do Nevermore e fazer um álbum soando como eles só para ganhar dinheiro”, sinto muito, se você que está lendo esse texto e pensa assim vá se foder, ok? (risos)

“As Fast as the Others”, segundo single, ótima faixa que mostra não só o brilhantismo e técnica dos músicos como, também, um respaldo mais radiofônico por conta dos riffs e melodias abertas que nos fazem cantar um “ô ô ô”. O lado mais dark de Warrel se encontra encravado nas vocalizações nessa faixa lembrando muito o último álbum do Nevermore, “The Obsidian Conspiracy” (2010). Baita refrão e riffs meio Djent/Groove Metal pesadíssimos!

O que falar da faixa título? Meu Deus do céu! A mais perfeita, sensacional, pesada e agressiva do álbum, lembrando um pouco o Meshuggah em certas horas, principalmente nas guitarras. Warrel dá um show aqui com muitas camadas vocálicas que só gênios da voz conseguem impor. Brilhante é pouco! E que refrão soturno e melancólico de arrepiar! Licks, riffs e solos simplesmente deslumbrantes! Marcus Dotta e Johnny Moraes foram tão perfeitos juntos quanto um ‘Jack and Coke’!

O cover do The Cure, “Hanging Garden” é simplesmente um arregaço de brutalidade e melodia. Nem tente ouvir a original pois você vai brochar! Deixe essa versão aqui se sobressair que é melhor, vai por mim (risos). Impossível não nos remeter a “Sound Of Silence” em “Dead Heart Of A Dead World” nessa. Se você gostou dela lançada naquele álbum, vai amar essa aqui! As viradas de bateria e bumbos duplos vão massacrar seu cérebro!

Enfim, não é só velocidade e porradaria que temos aqui, pois a balda “Rain” chega para dar uma acalmada com um clima bem gótico por conta das vozes ora doces ora depressivas de Warrel. Tem um clima bem “Believe In Nothing” aqui, ou eu viajei? Quando escutarem, por favor comentem.

Fechando a obra prima temos “Mother Is The World Of God”, com um trabalho lindo de violinos, violões de corda e muita, mas muita quebradeira mesclando partes ultra pesadas com um clima épico. Coisas de gênios mesmo, pois aqui temos aquela faixa para “marcar” a carreira de todos os envolvidos por conta de uma genialidade não muito vista ultimamente.

Ok, me estendi demais, mas foi pouco. Warrel era meu amigo, a maioria dos músicos de sua banda idem, e não estou aqui rasgando seda, pelo contrário, escrevo essa resenha com os olhos lacrimejando por conta de muitas emoções. Tristeza não termos mais Warrel nos alegrando com suas piadas, com sua música, alegria em ouvir mais uma obra prima vindo dele, orgulho de saber que os músicos realmente deram a vida por esse trabalho. E não foi em vão, não só esse trabalho ficará para a posteridade como também, seus esforços jamais serão esquecidos.

(Monstro, poeta e gênio do Metal) Warrel e todos nós estamos orgulhosos de vocês, também, monstros do metal mundial! (Todos) Gigantes pela própria natureza!

Descanse em paz, Warrel! Você jamais será esquecido!

A boa notícia é que a gravadora Valhall Music colocou no mercado esse petardo em dois formatos disponíveis em nosso país à saber: CD Slipcase com Poster e CD Digibook (pela primeira vez um CD Digibook é lançado aqui!!!) com encarte estendido de 44 páginas! Valem cada centavo!

Johnny Z.

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