Anaal Nathrakh – “Endarkenment” (2020)
Metal Blade Records
#Grindcore, #DeathMetal, #BlackMetal, #IndustrialMetal
Para fãs de Cattle Decapitation, Zyklon, Marduk, Rotten Sound
Nota: 9,5
O Anaal Nathrakh, ao longo de sua trajetória, desligou-se quase que totalmente do Grindcore alucinado puro e simples, migrando para algo praticamente impossível de ser rotulado ou catalogado. Trata-se de muito mais que um simples subgênero obscuro, mas sim de uma manifestação sonora das mais insólitas e ruidosas.
“Endarkenment”, seu mais novo trabalho, transcende o significado da brutalidade corriqueira. O negócio é tão pesado, atmosférico, denso e barulhento que é necessário uma “quarentena” depois de sua plena degustação, a fim de recuperar a capacidade auditiva e a lucidez.
O fio condutor da coisa toda ainda é o Grind e suas esferas mais primitivas, mas temos ainda elementos mais presentes de melodia (principalmente nos vocais grandiosos intercalando com os guturais primitivos, além dos arranjos melancólicos programados), e também nas guitarras, que fogem do convencional totalmente aos despejar riffs incandescentes em um segundo e no próximo momento construírem verdadeiros cenários grandiloqüentes de climas e texturas muitas vezes estapafúrdias, mas que se completam harmoniosamente no final.
Os culpados dessa desgraça toda ainda são Mike Kenney (responsável por todos os instrumentos, desde a guitarra até a programação), e Dave Hunt (aka V.I.T.R.I.O.L. nos vocais), cujos dotes já foram emprestados ao grandioso Benediction. Em “Endarkenment”, o talento dos dois musicistas em desconstruir o caos sonoro é algo digno de atenção especial, pois como é possível estarmos diante de algo tão abjeto musicalmente e nos pegarmos cantarolando os refrãos no minuto seguinte? Aspectos inexplicáveis do maravilhoso mundo da música extrema.
O Anaal Nathrakh soa como aquele festival onde se apresentam bandas de Death, Black, Industrial, Metal Melódico, Grindcore, porém tudo num lugar só e ao alcance da mão. Atos belos e doentios como “Thus, Always, to Tyrants” (essa me atacou até a labirintite, sendo que eu nem tenho isso), “Libidinous (A Pig With Cocks in its Eyes)”, “Create Art , Through The World May Perish” e “Punish Them” bem que poderiam ser a trilha sonora do réveillon desse fatídico e desastroso ano. Ouça sem moderação, mas tome seu Rivotril a seguir.
Ricardo L. Costa (Colaborador)