Benediction – “Scriptures” (2020)
Nuclear Blast | Shinigami Records
#DeathMetal
Para fãs de: Bolt Thrower, Memoriam, Obituary, Grave
Nota: 10
Doze anos. Pouco mais de uma década de incertezas e bem poucas, ou quase nulas, novidades. As notícias de um retorno eram uma incógnita e, somente há pouco tempo atrás, se concretizaram sobre o lançamento de um novo álbum, e acredite: a espera valeu cada segundo.
“Scriptures”, novo álbum dos ingleses do Benediction é, sem pestanejar, um dos maiores e mais aguardados lançamentos desse fatídico ano de 2020. Simples assim, e posso assim descrevê-lo por dois motivos primordiais: O retorno de Dave Ingram aos vocais, e ao início de uma nova era ostentando uma nova formação: Dan Bate (baixo) e Giovanni Durst (bateria), ambos trazendo consigo ânimos renovados, o que a essa altura do campeonato é algo muito positivo, haja vista que seu álbum de estúdio anterior ao “resguardo”, “Killing Music” (2008), apesar de bom, soava um tanto irregular.
É até difícil para mim, fã do Death Metal da época áurea tão bem representado pelo quinteto de Birmingham, transcrever em simples palavras o que significa esse novo trabalho em termos sonoros. É algo cru, mas não no sentido depreciativo do termo, mas sim no fato de ser direto ao ponto, na objetividade que o gênero pede e necessita. O peso vem da alma, do cerne de cada composição, no poderio de uns cem golpes de marreta contabilizados no epicentro da calota craniana.
Outra característica marcante do velho “Dito” é aquela leve, mas providencial, pegada punk que eles carregam pelo menos desde a época do “Grind Bastard” (grande trabalho de 1998). Aqui, essa “vibe” é perceptível em boa parte do material, o que deixa tudo muito mais urgente e empolgante.
Dave Ingram parece ter curtido sua voz em combustível de foguete por todo esse tempo. O velho banger cospe fogo a cada palavra proferida, soando melhor a cada momento, a cada faixa (Chris Barnes, ouça e aprenda como se faz!). Seus velhos companheiros de banda, os guitarristas Darren Brookes e Peter Rew, são a força motriz deste conjunto, despejando riffs cortantes e densos, sedimentando uma genuína muralha de peso e brutalidade que perfaz cada precioso segundo de audição de “Scriptures”.
Um repertório impecável e intocável, composto por doze indefectíveis capítulos que enriquecem sobremaneira essa trajetória tão singular, e que me deixa na difícil missão de tentar enumerar algum destaque, mas “Iterations of I”, “The Crooked Man”, “Progenitors of a New Paradigm” e “Rabid Carnality” compõem a trilha sonora perfeita para momentos de reflexão acerca de nossa tão desoladora realidade. A coroa já tem dono esse ano! Adquira o seu como item de primeira necessidade.
Ricardo L. Costa (Colaborador)