Hatematter – “Antithesis” (2023)
Independente
#MelodicDeathMetal #MelodicGrooveMetal
Para fãs de: Amorphis, Nevermore, In Flames
Texto por Luiz Gustavo Santos
Nota: 8,5
A banda paulistana Hatematter tem desbravado a cena underground desde 2007, e seu quarto álbum de estúdio, “Antithesis”, reflete uma jornada consolidada.
A sonoridade da banda é notavelmente contemporânea, navegando habilmente entre o Death Metal (bem influenciado pela cena de Gotemburgo, Suécia) e o Groove Metal, sempre com uma meticulosa atenção às melodias. As passagens deste álbum evocam diretamente – na minha modesta opinião – ao estilo do Amorphis, minha banda favorita nesse gênero. Essa de capricho e refinamento técnico são evidentes desde o primeiro trabalho do grupo, o excelente “Doctrines”, lançado em 2012.
Neste novo álbum, a Hatematter aprimorou sua identidade, demonstrando uma abertura a novas sonoridades e uma disposição para correr riscos. Assim, o ouvinte pode esperar desde composições mais puristas, impactantes como uma paulada na orelha, até arranjos e levadas mais cadenciados e introspectivos. A faceta melódica, sempre presente, destaca-se, especialmente, pelo trabalho de Rafael Augusto Lopes (teclados, sintetizadores e programação).
Dentre as faixas, alguns destaques incluem: a direta e rápida “Last Thread of Hope” destacando o excelente trabalho dos guitarristas Thiago M. Ribeiro e André Buck; “S.T.A.Y.”, com cadência, melodia e um refrão muito bem construído; a pesada e bem técnica “Where the Grasshopper Lies”; “Condemned to Unexist”, uma composição variada e complexa que mergulha a fundo no Death Metal contemporâneo; e a pesadíssima “Liberate Me”, que conta com a versátil participação especial de Mayara Puertas (Torture Squad).
Vale um destaque extra aos vocais agressivos de Luiz Artur e Thiago (estreando também nessa posição) que juntos formam uma parede sonora extremamente agressiva, impactante e cheia de contrastes.
Acredito que a produção, principalmente do baixo, poderia ter dado um destaque maior, pois existem muitas partes que, por conta dos sintetizadores, ele some por completo, mas nada que atrapalhe o bom andamento do álbum.
Na parte das letras, como de costume, a banda conseguiu explorar de forma inteligente temas sobre reconstrução, camaradagem, amor e aceitação, inspirados por filmes cult de ficção científica. Tais temas são somados ao período sombrio da pandemia, marcado por raiva, ódio, medo, desespero, e também à perda de seu guitarrista e amigo, Gustavo Polidori, criando uma realidade distópica interessante que nos faz pensar na nossa vida de outra forma.
No total, são 11 faixas e pouco mais de 45 minutos de reprodução que revelam uma banda criativa, madura e totalmente preparada para explorar territórios musicais mais desafiadores. Não hesite em dar o play!