Pretty Boy Floyd – “Bullets & Lipstik” (1989)
Bellaphon
#HardRock, #GlamMetal, #HairMetal
Para fãs de: Faster Pussycat, Michael Monroe, Stars From Mars
Nota: 7,0
O vocalista Tommy Floyd e o guitarrista Pete Parker – quase o Homem Aranha – se conheceram no ensino médio, mas somente em 1984 deram início à parceria musical. Primeiro os dois fundaram o Panic, que não deu em nada, e depois de seis meses à frente do No Control, Tommy sacou que a boa era retomar o contato com Pete e formar uma nova banda. Em 1987 nasceria o Pretty Boy Floyd – o original, canadense. O nome presta homenagem ao ladrão de bancos Charles Arthur Floyd (1904-1934), apelidado de Pretty Boy Floyd, cujas façanhas criminais ganharam ampla cobertura da imprensa da década de 1930.
Criminoso também é o fato de o grupo, completado pelo baixista Steve Bratz e pelo baterista Sandy Hazard, ter estourado apenas no Reino Unido – os quatro Ks na avaliação da Kerrang! ajudaram a empurrar o EP “Bullets & Lipstik” para o top 10 de bandas independentes – e causado certo burburinho em países como o Japão (graças a uma resenha positiva na Burrrn!) e a Alemanha, onde “Bullets”, acrescido de mais quatro músicas, teve lançamento pelo selo Bellaphon. Na América, a cobertura se resumiu a notas nas revistas Metal Edge e Rip que não refletiram num boom de popularidade. A versão lançada pela Music Line Records no Canadá, encalhada e vendida a preço de saldo na época, vale uma grana hoje em dia.
Se por um lado a capa imita o conceito da de “Rockin’ Into the Night” (1979), do .38 Special, por outro a música que se ouve em “Bullets” não poderia ser mais oposta ao Southern Rock da banda de Don Barnes. O PBF é Glam por excelência, mas um Glam sujo, na escola do Faster Pussycat e que teria em grupos posteriores (Johnny Crash, Junkyard) representantes de maior peso e presença na mídia. Bom parâmetro de comparação é também o americano Star Star – a capa de “The Love Drag Years” (1992) parece a de “Bullets” após tratada por um ilustrador mais capaz. Enfim, aquele Hard que a gente não sabe dizer se é básico devido às limitações técnicas dos músicos envolvidos ou à afeição deles pelo Punk Rock.
No repertório destacam-se a abertura estilo cartão de visitas “Welcome to the Show”, a veloz e pouco óbvia (ao menos para o padrão que se espera) “Proud to Be Loud” – a urgência do bumbo duplo dá a impressão de que a bateria está prestes a desmontar – e “Down on the Floor”, cuja guitarra mostra que a rapaziada estava em dia com os estudos em New York Dolls e Hanoi Rocks. Na saideira, a faixa-título requenta o riff de “Moonshine Daze”, e Tommy se vale da sílaba tônica de ‘lipstick’ para arriscar o máximo de agudo que você ouvirá em todo o disco – exceto, é claro, pelos ‘ooh yeah’ que carimbam o material como ferro em brasa.
Além da queda, o coice: como se não bastasse ter em mãos um disco com baixa expressão em vendas, o Pretty Boy Floyd ainda foi alvo de uma ação judicial movida pelo grupo estadunidense de mesmo nome. A solução encontrada foi meter o galho dentro e dar continuidade aos trabalhos como Tommy Floyd, o que não ajudou em nada em melhorar a popularidade do quarteto. Não que o Pretty Boy Floyd americano tenha se dado muito melhor, no fim das contas: reza a lenda que o barco naufragou após pouquíssimo tempo na estrada promovendo o hoje cult “Leather Boyz with Electric Toyz” (1989).
Marcelo Vieira