Suffocation – “Hymns From the Apocrypha” (2023)
Nuclear Blast | Shinigami Records
#DeathMetal #BrutalDeathMetal
Para fãs de: Monstrosity, Malevolent Creation, Deicide, Obituary, Disgorge
Texto por Ricardo Leite Costa
Nota: 9,5
Muito distante daquele simulacro de brutalidade perpetrado por 99% das bandas do gênero, o Suffocation é professor catedrático da disciplina de Brutal Death Metal, formando profissionais desde o início da já longínqua década de 90, subvertendo o padrão de regularidade no lançamento de novas obras e, justamente por isso, causando ansiedade nos fãs de uma boa, feroz e contundente brutalidade sonora.
“Hymns From The Apocrypha” incorpora todos os elementos que moldaram a personalidade musical do Suffocation ao longo dos anos, forjando peso e técnica, cirurgicamente e minuciosamente, num espetáculo sonoro sem precedentes (pelo menos no que se refere aos lançamentos de 2023), e quando me refiro a técnica, não são demonstrações gratuitas de auto-indulgência, mas sim a habilidade em encaixar o riff que a música pede naquele preciso momento; aquele solo trabalhado que constrói e mantém o andamento dentro do contexto que a brutalidade necessita. Isso todo mundo tenta, mas nem todos conseguem!
“Humns From the Apocrypha” marca a estreia de Rick Myers nos vocais, após a saída definitiva de Frank Mullen, iniciando uma nova era, aliás, o disco em questão parece ter sido feito pra ele, pois a familiaridade com que Rick impõe seus dotes vocais faz parecer que o mesmo integra o time desde sempre (se bem que ele já vinha em turnê com a banda há bastante tempo). O resto do elenco permanece o mesmo, ou seja, o melhor que o dinheiro pode comprar e o sucesso pode manter.
O novo trabalho é praticamente um disco de riffs. Riffs intrincados, quebrados e pesadíssimos, no entanto, nunca desconexos. Perfazem uma harmonia caótica, densa e violenta como sempre foram as linhas de guitarra da banda. Terrance Hobbs e Charlie Errigo, definitivamente, conhecem e respeitam o conceito de trabalho em equipe.
Tudo isso escoaria pelo ralo se as composições não correspondessem, o que, obviamente, não é o caso. Em um repertório indefectível, temos algumas composições que hão de se tornar pequenos clássicos da música brutal num futuro próximo, pode apostar. Assim sendo, tenha seus delicados ouvidos devastados por toda intransigência beligerante de “Perpetual Deception” e toda sua artilharia dissonante de riffs.
“Immortal Execration” é também um inevitável destaque, principalmente pelas linhas de bateria desconcertantes e a eficaz alternância entre momentos cadenciados com outros que conjuram a pura velocidade ensandecida. Num disco desse nível de excelência, enumerar destaques é tarefa ingrata, mas ainda podemos nomear como tal “Seraphim Enslavement” e, mantendo a tradição, a regravação de “Ignorant Deprivation”, faixa do cultuado, porém criticado pela qualidade questionável de gravação, “Breeding the Spawn”.
A conclusão não podia ser outra: estamos diante do melhor disco de Death Metal do ano, ou ao menos um exemplar digno de figurar entre os cinco melhores, facilmente.”Hymns For the Apocrypha” mantém o sólido legado do Suffocation constituindo um digno capítulo de sua brilhante trajetória. Não perca em hipótese alguma!