Vazio – “Necrocosmos” (2024)

VAZIO
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Vazio – “Necrocosmos” (2024)

Xaninho Discos
#BlackMetal

Para fãs de: Uada, Mayhem, Mgła

Texto por Matheus “Mu” Silva

Nota: 9,0

Quatro anos após o lançamento de seu aclamado debut Eterno Aeon Obscuro (2020), a banda brasileira de Black Metal Vazio finalmente lançou seu aguardado segundo disco de estúdio, Necrocosmos (2024), via Xaninho Discos, no último dia 8 de março.

Banda que literalmente tomou de assalto a cena extrema brasileira, o Vazio, com pouco menos de dez anos de existência, chamou muita atenção com seu primeiro álbum, Eterno Aeon Obscuro (2020), trazendo uma musicalidade atmosférica e extrema, com evidente influência do Mayhem. O vocalista e guitarrista Renato lembra, em alguns momentos, o estilo de Attila Csihar, mas com uma identidade própria, sem soar como uma cópia.

Formada em 2016, a banda explora temas como espiritualidade, conexão com os mortos, ocultismo e quimbanda, o que a diferencia de outras bandas do estilo, que geralmente se apoiam em temas anticristãos. Essa abordagem adiciona uma profundidade à música do Vazio, que envolve o ouvinte em uma atmosfera gélida, sombria e brutal. Mesmo sendo apenas o segundo full-length da banda, o Vazio tem diversos splits em sua discografia. A formação se manteve praticamente a mesma desde o lançamento do primeiro álbum, com Eric Nefus na guitarra, Daniel Vecchi na bateria e Nilson no baixo.

O disco abre com “Escuridão, Seja Minha Guia”, uma faixa brutal de pouco mais de cinco minutos. Os vocais com reverb de Renato criam a sensação de algo vindo do além, com um refrão que canta o título da música como um coro obscuro. “Cerimônia dos Espíritos Primordiais” segue com uma cadência mais simples, mas traz um ótimo trabalho do baixista Nilson, com passagens bem destacadas. “Oráculo de Ossos”, quase um Black/Speed Metal, tem uma leve influência de Marduk, especialmente pelo som seco que remete ao Black Metal dos anos 90. A faixa-título, Necrocosmos, possui excelentes variações instrumentais, com Daniel alterando suas levadas e um final ideal para “bater cabeça”.

Após o interlúdio “O Despertar de Okutá”, com elementos instrumentais tribais, vem a excelente “As Lágrimas que Regam os Túmulos”, que começa de forma mais lenta, mas rapidamente se transforma em um rolo compressor de brutalidade. A mesma energia segue em “Funeral Astral”, que soa como uma continuação da faixa anterior, mas desacelera na segunda metade e traz uma letra de teor mais necro. Reino das Almas é a melhor faixa do disco, carregada de um instrumental pesadíssimo, lento e sujo, com uma construção vocal de Renato que inclui cânticos, instigando o ouvinte a cantar junto e “bater cabeça” do início ao fim.

“Legiões da Chama Negra” encerra a parte musical do disco com uma explosão de blast beats e riffs furiosos, e a faixa final, “Eteuê Eteuá Kotô Shiuá”, traz um clima tribal que lembra elementos indígenas, um toque místico e característico do Vazio. A conexão com o lado espiritual é forte e faz total sentido o álbum finalizar dessa forma.

Necrocosmos é excelente, uma perfeita continuidade do que foi construído no primeiro álbum. O Vazio entrega mais uma grande obra ao metal extremo brasileiro. Além da música, os shows da banda são uma experiência única, trazendo uma ambiência ainda mais intensa. Este disco é, sem dúvida, um dos melhores do ano.

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