Ashes Of Life – “Seasons Within” (2020)
Abismo Humano
#GothicDoomMetal, #PostRock #ProgressiveMetal, #Shoegaze, #PostMetal
Para fãs de: Katatonia, Anathema, Loneshore, Opeth, Alcest
Nota: 9,0
Mais um caso clássico de banda que não se limita e que explora todos os horizontes disponíveis quando vai compor – tendo todo estúdio como laboratório e cada canto do mesmo se torna um berçário para as idéias – criar, recriar, desconstruir e novamente criar.
O lusitano, Ashes Of Life chega a seu primeiro disco apresentando um belo apanhado de ideias, diversas frações de estilos distintos e muita sensibilidade.
São inumeráveis texturas, caminhadas progressivas, linhas calmas em meio ao peso e um forte apelo ao sentimental, aqui, exposto em melodias que traçam paralelos entre serenidade e o caos.
A crescente “Shores” é um cenário onde o Doom e o Metal Progressivo comunhão, embora a costumeira complexidade deste último seja ignorada, a razão da banda se fixa nas melodias doces e sazonais que se dilatam, explodem em peso e ocupam espaços, além de fazer também uma belíssima incursão através de elementos de Post-Rock e Post-Metal.
“Spiral Down” possui aquela aura melancolia e doce de bandas como Katatonia e Anathema – emotiva e breve – poética sem ser piegas ou demasiadamente doce.
“Autumn Days” navega entre o Death Doom clássico, nos vocais e passagens mais extremas e nas águas calmas e nostálgicas de gigantes como Alcest e Les Discrets, numa transição agradabilíssima que vai do peso e distorção para melodias sofisticadas, leves e calmas. “Tried To Leave” seria uma remanescente do “Brave Murder Day” – os vocais impressionantes de Stefan Nordström (Soliloquium) fazem-se destacar e casam-se perfeitamente ao instrumental simbiótico.
“Dying In The Snow” é o concluir do disco, o encerrar das estações transitantes – atmosférica, melódica e sutil, crescendo de forma transcendente até romper novamente em peso – cujos aspectos e arranjos são bem semelhantes àqueles encontrados nos álbuns: “A Frail Becoming”, “Our Voices Shall Remain” e “In Memoriam – respectivamente, Daylight Dies, Throes Of Dawn e When Nothing Remains.
“Seasons Within” soa como se fosse uma coletânea de idéias e de sensações, como se frações de vários gêneros, discos e bandas fossem dispostas num só álbum – lado a lado, em conexão com as inspirações próprias da banda. As letras são um deleite à parte e dialogam perfeitamente com o ouvinte, isso é Doom, mais que ouvir, é necessário sentir. Um belo primeiro passo de uma (tomará que seja), longa jornada.
Fábio Miloch