Atheist – “Piece Of Time” (1990) (Relançamento 2023)
Nuclear Blast | Shinigami Records
#DeathMetal #TechnicalDeathMetal #ProgressiveDeathMetal
Para fãs de: Death, Cynic, Obscura
Texto por Daniel Agapito
Nota: 9,5
“Piece of Time”, primeiro álbum dos pioneiros do tech-death americano Atheist é inegavelmente à frente de seu tempo. Desde as linhas de baixo profundamente atreladas ao jazz aos riffs complexos, o LP consegue fundir jazz e death metal de maneira (na época) nunca vista antes. Também como vários de seus contemporâneos, ele esbanja as qualidades que dão às bandas da fase inicial do death metal seu som característico; vocais majoritariamente gritados (mas ainda com variações tônicas), riffs complexos e rápidos (muitas vezes beirando o thrash) e uma percussão um tanto complexa.
O álbum já começa de maneira muito forte com sua faixa epônima. Como grande maioria das faixas inicias de projetos produzidos por Scott Burns, a mesma é introduzida de forma mais calma, com ondas e sintetizadores. Até que pouco depois, entra a esmagadora e complexa linha de baixo, sucedida pelas guitarras, acompanhando-a. Em seus pouco mais de 4 minutos e meio de duração, são apresentados uma grande variedade de riffs e solos vertiginosos, todos ornando perfeitamente com os vocais de Kelly Shaefer. É impressionante como um instrumental tão agressivo consegue ao mesmo tempo ser virtuoso; é realmente genial. A letra também merece destaque, abordando temas de percepção temporal e o significado do tempo e também da consciência do próprio ser humano.
Comparado aos lançamentos futuros da banda, “Piece of Time” mesmo ainda esbanjando fortes influências do jazz (especialmente em faixas como “I Deny” e “No Truth”) ainda soa bastante como um projeto dos primórdios do death metal. Por baixo de todas as “floreadas progressivas”, há um também muito forte álbum de death metal tradicional. As tais floreadas dão um grande charme ao álbum e fazem com que ele seja incrivelmente à frente de seu tempo. O Atheist (e por extensão este álbum) foi o catalizador para a criação e expansão do technical death metal e do progressive death metal. Bandas que hoje são consideradas grandes e nomes como Cynic, Opeth e Obscura todas tem um fundo de Atheist.
Também vale ressaltar o destaque que é dado para as linhas de baixo (e o baixo no geral), que neste primeiro trabalho foi cortesia de Roger Patterson, que infelizmente morreu em um acidente de carro menos de um ano após o lançamento de “Piece of Time”. Felizmente, sua influência permaneceu no segundo álbum, “Unquestionable Presence”, pois já havia composto algumas músicas e linhas de baixo. Diferente de vários outros LPs de death metal, o baixo não só serve como base para as músicas e muitas vezes não soa como algo forçadamente pesado e imponente; as vezes segue o riff de guitarra e as vezes tem seus próprios riffs. O baixo serve para dar uma boa injeção de jazz e progressividade ao “Piece of Time”.
Resumindo, se você ainda não ouviu o “Piece of Time” ou Atheist em geral, vá ouvir. Agora que o material do Atheist está de volta às lojas com esses relançamentos da Shinigami Records cheio de faixas extras, realmente não há desculpa para não adquiri-los. Esse álbum não só serve como uma ótima introdução à banda mas também como uma ótima introdução ao technical death metal e progressive death metal no geral. “Piece of Time” realmente faz jus ao status do Atheist como uma banda massivamente subestimada e “cult”. É incrível.
Melhores faixas: “Piece of Time”, “I Deny” e “No Truth”