Ihsahn – “Ihsahn” (2024)

Ihsahn
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Ihsahn – “Ihsahn” (2024)

Candlelight Records
#ProgressiveMetal

Para fãs de: Opeth, Leprous, Katatonia

Texto por Matheus “Mu” Silva

Nota: 9,0

Seis anos após o lançamento do incrível Àmr (2018), Ihsahn lança, no dia 16 de fevereiro, sua mais recente obra, o autointitulado Ihsahn (2024), pela Candlelight Records.

Após a dissolução do lendário Emperor, uma das maiores bandas do Black Metal norueguês, o vocalista e guitarrista Ihsahn iniciou uma prolífica carreira solo, dando continuidade à sonoridade encontrada no último álbum de sua banda mais famosa, Prometheus: A Discipline of Fire and Demise (2001). Esse trabalho já era um tanto fora dos padrões do gênero, mas Ihsahn foi além, expandindo completamente as fronteiras de sua musicalidade ao incorporar elementos de jazz fusion, percussões e até saxofone, e, claro, sua voz inconfundível, afastando-se quase que completamente do Black Metal de outrora. Essa sonoridade evolutiva vem entortando a mente de seus admiradores, que a cada álbum esperam novas surpresas do genial músico. Álbuns como Eremita (2012) e Arktis. (2018), além do citado Àmr, provam que Ihsahn não conhece limites para sua criatividade. Em seu novo álbum, ele toca todos os instrumentos, exceto a bateria, que contou com dois músicos convidados: Tobias Solblakk, baterista de suas apresentações ao vivo desde 2016, e Tobias Andersen, atualmente do Shining e também conhecido por seu trabalho com o Leprous.

A breve introdução “Cervus Venator” já entrega uma característica que permeia o álbum: os elementos sinfônicos. Essa influência é percebida logo na primeira faixa, “The Promethean Spark”, marcada por uma bateria pulsante, vocais alternando entre limpos e urrados, e partes orquestradas, além de um solo interessante. “Pilgrimage to Oblivion” muda o panorama, flertando com o Black Metal sinfônico e mesclando a fúria dos tempos do Emperor com camadas orquestrais, dando uma amostra de como o Emperor poderia ter soado caso continuasse. Em “Twice Born”, uma faixa relativamente simples e de fácil assimilação, encontramos uma pegada mais avant-garde, com pouco mais de três minutos de duração. “A Taste of Ambrosia” começa com um tom soturno e belos arranjos, evoluindo para algo mais jazz fusion, uma das marcas da carreira solo de Ihsahn.

O interlúdio instrumental “Anima Extraneae” prepara o terreno para “Blood Trails to Love”, uma das músicas mais complexas do álbum, com influências de jazz fusion e um ótimo refrão cantado em voz limpa. A alternância vocal, já explorada na época do Emperor, se mostra eficaz novamente, conferindo uma sensação épica. “Hubris and Blue Devils”, com quase oito minutos, revela o lado progressivo de Ihsahn com andamentos quebrados e dissonâncias, características que remetem a bandas como Opeth. “The Distance Between Us” é uma das melhores do álbum, valorizando a voz limpa de Ihsahn, criando uma experiência cativante e que merece ser ouvida mais de uma vez. A penúltima faixa, “At the Heart of All Things Broken”, é épica e hipnótica, repleta de ambiências orquestradas, e revela um Ihsahn mais humano, encerrando o álbum de forma magistral. O disco ainda possui um último suspiro instrumental, “Sonata Profana”, que soa completamente desnecessário.

Em um álbum que leva seu nome, Ihsahn é mais uma obra que se desenrola de forma inesperada. Ele não é tão “complexo” como seus dois últimos lançamentos, mas ainda entrega uma experiência ambiciosa, com marcas registradas e novos elementos, como as partes orquestradas, que se integram bem ao disco como um todo. Mais uma obra de arte de um verdadeiro artista.

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