Led Zeppelin – “Led Zeppelin” (1969)
Atlantic Records
#ClassicRock, #HardRock
Para fãs de: Deep Purple, The Who, The Yardbirds
Nota: 10
Quando Keith Relf e Jim McCarthy deram o fora dos Yardbirds em agosto de 1968, deixaram para Jimmy Page o nome e o contrato para uma turnê na Escandinávia. Com o praticamente desconhecido cantor Robert Plant – que trouxe consigo o batera John Bonham – e o velho companheiro de estúdio John Paul Jones no baixo, o guitarrista conduziu os New Yardbirds por uma temporada de quinze shows que passou por Dinamarca, Suécia e Noruega em setembro.
Ou seja, o rebatizado Led Zeppelin só existia há pouco mais de duas semanas quando se reuniu nos Olympic Studios de Londres para registrar sua revolucionária estreia em disco. Testado na estrada, o novo grupo levou trinta e seis horas para finalizar o trabalho, que custou aproximadamente 1,7 mil libras a Page.
Musicalmente, além de reformular gêneros já consagrados, o Led antecipa subgêneros como o punk rock – “Communication Breakdown” é pura fúria adolescente comprimida em quatro acordes – e busca delicadas justaposições na música oriental: Page teve uma cítara antes de George Harrison, mas é seu violão que protagoniza a instrumental “Black Mountain Side”. Em matéria de letras, alienação total ao clima conservador que vinha reordenando o rock – 1969 seria o ano de “Gimme Shelter”, a música que simbolizou a morte do espírito utópico daquela década –, como se a distorção, a instrumentalização e a urgência nos urros de Plant dispensassem o ouvinte de qualquer atenção no que era cantado.
Assumindo o papel de produtor, Jimmy tinha a última palavra em tudo. Meticuloso e visionário, determinou o posicionamento dos instrumentos e dos microfones e criou ambiência a partir do sangramento de um instrumento no outro; simulou alto-falantes giratórios e é o responsável por efeitos como o eco reverso no final de “You Shook Me”. Vale mencionar que todo o material foi gravado essencialmente ao vivo, com o mínimo de overdubs possível, para que a banda pudesse reproduzi-lo fielmente no palco depois. A mixagem estéreo, quando o mono ainda era a regra da indústria, foi inovadora.
Com as fitas na mão e a certeza de que a banda daria certo, Page contou com o maquiavélico ex-empresário dos Yardbirds, Peter Grant, para garantir um contrato de distribuição mundial de cinco anos/álbuns com a prestigiada Atlantic Records. Além de um adiantamento de 200 mil dólares, foram assegurados ao grupo controle criativo total – seus discos seriam produzidos sem interferência do selo – e o voto decisivo sobre a arte das capas, o material de divulgação e tudo o mais relacionado à sua imagem.
Trazendo uma fotografia do dirigível Hindenburg em chamas – desastre que matou 35 pessoas em Nova Jersey em 1937 –, Led Zeppelin estreou na parada norte-americana, onde permaneceu por incríveis 73 semanas consecutivas, na 99ª posição. No auge de sua vendagem, chegou à 10ª posição. Estima-se em torno de cinco milhões de cópias vendidas. Nada mal para o grupo que, segundo um descrente Keith Moon, “decolaria como um zepelim de chumbo.”
Marcelo Vieira