Wintersun – “Time II” (2024)
Nuclear Blast Records
#MelodicDeathMetal #SymphonicDeathMetal
Para fãs de: Ensiferum, Insomnium, Kalmah
Texto por Will Menezes
Nota: 9,0
“Antes tarde do que nunca”… Após 12 anos de intervalo desde o marcante Time (na época ainda sem indicação numérica), a segunda parte finalmente chega aos ouvidos dos fãs. Não sem uma boa dose de polêmicas, alimentadas durante esses anos, que envolveram campanhas de crowdfunding, angariando quase meio milhão de dólares, um monumental atraso no lançamento, promessas não cumpridas, perdas de arquivos, dentre vários outros episódios que balançaram, no mínimo, a relação entre o Wintersun e seus fãs. Não pretendo entrar no mérito dessas circunstâncias e cenários de produção; esta resenha terá enfoque unicamente musical e artístico.
Em termos de estilo, Time II é praticamente idêntico ao seu predecessor, com o mesmo esmero e qualidade de produção. O álbum possui uma atmosfera artística, e nesse aspecto, o trabalho de composição o torna uma verdadeira obra-prima. Talvez um ponto fraco seja a mixagem; em faixas como “Way of the Fire”, a profusão de elementos e orquestrações torna difícil ouvir o core da banda, e as linhas de guitarra, assim como as vozes, acabam um pouco afogadas no resultado final. Contudo, nada que comprometa seriamente a experiência.
O álbum é relativamente curto, com pouco mais de 48 minutos de execução. Ele apresenta quatro faixas cantadas: duas rápidas, “Way of the Fire” e “Storm” (minha favorita, sem dúvida), ambas ultrapassando os 10 minutos de duração; e duas mais lentas e cadenciadas, “One With the Shadows” (a mais curta das quatro, com 6:18) e o épico encerramento “Silver Leaves”. Além dessas, há a abertura instrumental “Fields of Snow” e o interlúdio “Ominous Clouds”. O trabalho conduz o ouvinte por uma atmosfera cinematográfica muito bem construída. As músicas parecem ter sido compostas sob uma mesma temática e, apesar de evocarem sensações diferentes, todas compartilham de uma aura comum, como se estivéssemos observando paisagens distintas através de um mesmo prisma.
O trabalho instrumental é colossal, como uma força da natureza — um grande ponto positivo, como se espera de uma banda como o Wintersun. Os solos de Teemu Mäntysaari (algo que não foi tão explorado nos álbuns anteriores) ressoam como a mais pura e bela violência neoclássica, vaporizando seus tímpanos sem o menor pudor, dando o devido destaque ao guitarrista que, atualmente, também integra o Megadeth. As melodias e harmonias são bem construídas, bem colocadas, nem sempre óbvias, levando o ouvinte por diversos cenários dentro de uma mesma canção. Nada soa enjoativo ou forçado; tudo ocupa seu devido lugar.
Se você gostou da sonoridade de “Time”, ouça “Time II” sem medo. A audição é como uma história épica, muitíssimo bem contada, onde você não consegue prever as reviravoltas que virão a seguir. Apesar dos pesares, a longa espera certamente valeu a pena.